20 de abril de 2024
Colunistas Ligia Cruz

Viagem na cadeia evolutiva

Caiu na teia é rango!  E a aranhazinha começa a enliar rapidamente a  vítima  com sua magnífica seda. Nesse trabalho ela processa sua química e inocula na presa seu veneno paralisante. Isso feito, a guarda para seus dias de fome e suas crias.

Imagem: Google Imagens – Dicas & Curiosidades


É fantástico esse universo animal, principalmente quando se aprende sobre ele. Como, por exemplo, saber que as aranhas não são insetos, mas aracnídeos.

Uma espécie da animália que levou anos aperfeiçoando suas técnicas de sobrevivência, matando exclusivamente para comer. Bem diferentes de nós predadores.

E para que serve essa informação? Para entender a natureza delas e constatar que não são inescrupulosas e cruéis — essas são características humanas. 
Qualquer ação nociva e predatória à outras espécies é coisa do bicho-homem.

Só humano trapaceia, trai e mata por prazer. Mas há um tipo ainda mais maligno, que suga até a última gota de vida de qualquer outro que se interponha em seu caminho de poder: o político.

Este não dá espaço para ninguém, muda de opinião conforme a direção do vento, mente compulsivamente e  tem uma capacidade fantástica de mimetizar e de esconder a verdade. Todos conhecemos alguém assim, mas nenhum aracnídeo tem essa capacidade, nem mesmo as tarântulas.

Talvez o único lado bom disso tudo é que o políticos são pródigos em revelar o caráter de si mesmos  e dos oponentes e fazem isso maciçamente antes das eleições,  para enfraquecer os pilares de sustentação, convicções e expor as farsas dos outros.

Há pouco menos de ano antes do próximo pleito e já temos muitas vítimas presas nas teias de uns e outros. Mas entre os peçonhentos, nem todos são como as aranhas.  Podem ser como os escorpiões,  as serpentes, as lacraias, mas certamente nenhum destes bichos gostaria de ser comparado aos políticos.

Acontece que eles estão evoluindo há muitas eras,  enquanto os humanos sapiens são o resultado só de duzentos mil anos. Mesmo assim pesa sobre eles uma vitória evolutiva um tanto suspeita em relação a outros humanos extintos e milhões de outras espécies. Esqueçam os dinossauros eles não conviveram com nenhum tipo humano.

Porque só os sapiens foram bem sucedidos? Certamente porque eram mais sagazes, adaptáveis e, talvez, mais políticos, entre todos os outros conhecidos. Os neandertais sobreviveram só em 7% do nosso DNA, desapareceram há 40 mil anos, do nada. Portanto se relacionaram conosco.  Os demais humanos têm apenas traços em algumas populações específicas do planeta.

Se estamos aqui é porque as estratégias de sobrevivência, de adequação ao meio natural, à versatilidade na ingestão de alimentos e no uso de ferramentas, talvez, tenham sido melhores.

Quem deu o primeiro passo no contato entre esses diferentes grupos humanos, não se sabe, mas dá para apostar que foram os sapiens mais políticos. Que viram naqueles tipos parrudos aliados para obter benefícios.

Não é possível saber o que aconteceu há milênios, mas arapuca, trapaça não é coisa de bicho, definitivamente.

As aranhas e a turma da peçonha têm mais fama do que propriedade. Ninguém fez mais vítimas entre todas as espécies  do que os humanos sapiens no curso da história evolutiva. De longe o maior predador.

Somos mais perigosos do que qualquer aranhazinha que come moscas. É nisso que temos que pensar, porque estamos vendo, em tempo real, o ardil, as escaramuças, as ciladas e  retóricas de semelhantes que se creem acima e melhores do que os demais. E que querem se presidente, governadores, senadores e deputados. Imaginem um espécime como Renan Calheiros na idade da pedra. Com certeza havia.

Resta saber se somos a maior porção de sapiens ou a menor de neandertais. Se queremos ser governados por predadores imbecis, ladrões e mentirosos ou por inofensivas aranhas.

Estamos longe de saber quem deles é menos pior.

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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