2 de dezembro de 2024
Colunistas Ligia Cruz

O gado verde-amarelo

As eleições municipais estão chegando e arrastando os brasileiros para mais uma arapuca. Candidatos a prefeito fracos e vereadores, que ninguém sabe para o que servem, estarão à espera dos nossos votos.

São candidatos famintos por poder e recursos públicos, que se lançam ao pleito para fazer o que não fazem. Nem dá para calcular a quantidade de bandeiras partidárias, não interessa. Candidatos fracos, com desempenho igual. Nenhuma exceção.

Em São Paulo, a situação é tão complicada que os eleitores estão de cabeça baixa como quem acompanha um féretro.

Um cenário de horror. A dupla Guilherme Boulos e sua vice Luiza Erundina é de sentar e chorar.  Celso Russomano, o eterno candidato a tudo, se perder, não perde nada, vai mordiscar o fundo eleitoral e continuar seu refrão de defesa do consumidor. Márcio França, que foi prefeito da cidade mais antiga do país, São Vicente, entrou e saiu sem resultados.

A cidade hoje é um bolsão de pobreza que se estende até o sopé das rodovias Anchieta-Imigrantes. O mangue aterrado é a coisa mais feia que já se viu. Foi vice-governador de Geraldo Alckmin em São Paulo e ninguém se lembra. Bruno Covas, pegou meio mandato como prefeito, na “casadinha” que fez com João Dória, que já planejava concorrer à a eleição para governador. Bruno é fraco.

A capital Paulista está abandonada. Parques, praças e vias ao “deus dará “, só para ficar nesse tema. Os bolsões de pobreza aumentaram por todos os cantos, bem como os moradores de rua. A “Cracolandia” segue ativa com seu exército de zumbis e crescendo, ao arrepio dos paulistanos. Mas tudo indica que ele pode disputar o segundo turno,  em 29 de novembro com o segundo colocado, por falta de opção. Está em jogo a continuidade dos tucanos à frente da locomotiva do país.

No Rio de Janeiro o páreo também está difícil. O candidato Marcelo Crivella tenta a reeleição numa disputa franca contra o ex-prefeito Eduardo Paes, Benedita da Silva e Marta Rocha, que ninguém sabe direito quem é. O bordão popular é que não tem “coisa” melhor do que Paes. Triste isso, numa cidade que já perdeu a coroa e a majestade enquanto o povo desvia das balas perdidas e disputa um cantinho para morar. Milicianos e narcotraficantes mantêm a população sob controle. A saúde pública é indecorosa, o saneamento básico precário e lembrança de gestão séria não há. A cidade foi tomada por um bando de ladrões.

No ano em que o país virou do avesso por conta da pandemia, como no resto do mundo, ninguém fala nada sobre a área da saúde porque efetivamente  não há plano algum para esta pasta, que deveria dar o tom dessas eleições municipais por razões óbvias.

http://www.humbertoespindola.com.br

O quadro não é diferente no resto do país.  O Brasil tem hoje 5.570 municípios, multiplique-se este número por dois para obter a quantidade de prefeitos e seus vices, fora as secretarias de governo e cargos técnicos. A máquina pública municipal do país soma mais 57 mil vereadores que disputarão os votos de 147,9 milhões de eleitores, de uma população total de um pouco menos que 210 milhões de habitantes. Uma proporção enorme de votantes, um baita negócio. O gado verde-amarelo que sobe a ladeira deitado e faz de tudo para sobreviver.

O que vai mudar nesse quadro em 2020? Nada. As políticas públicas no Brasil estão aquém das necessidades da população,  que jogam os brasileiros em péssima posição nas estatísticas dos piores países para se viver.

Se o voto não fosse obrigatório, com duras penas para quem não comparece ao pleito, a abstenção ganharia de lavada nestas eleições. Zero à esquerda de zero.

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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