Guardar ou colecionar vinhos é uma daquelas atividades que ficam no limite entre ser um enorme prazer ou uma grande dor de cabeça.
Num primeiro momento parece muito simples: é só comprar e guardar.
Na visão de um expert, são várias pequenas armadilhas que devem ser contornadas para, ao final, chegar naquele desejado momento de desarrolhar uma destas relíquias e atingir o nirvana.
A primeira delas é: o que vale a pena guardar?
Existem vinhos que foram elaborados para serem consumidos jovens que, obviamente, não devem ser colecionados. No outro extremo, os conhecidos vinhos de guarda são vendidos para este propósito. A gente compra, guarda por uns 10 anos e um dia degusta.
Entre um extremo e outro há muita coisa boa que pode e deve ser guardada, por um período. Três características são fundamentais no momento da escolha: acidez, taninos e teor alcoólico. Algumas destas informações estão nos rótulos, outras são encontradas nas fichas técnicas publicadas pelas vinícolas. Uma ótima fonte de informação são as revistas especializadas e suas análises críticas, guias de vinhos incluídos.
Aqui se junta uma quarta característica: paciência. Cada vinho tem uma curva de vida, assim como qualquer ser humano. Nascemos, crescemos, atingimos um ponto ideal de maturação e envelhecemos.
Vinhos adegados devem ser consumidos perto deste “ponto de maturação”, o que é bem difícil de acertar. Esta é uma das razões para comprarmos mais de uma garrafa do vinho que vamos guardar. Depois de um período, abrimos a primeira. Se estiver boa, degustamos as demais. Caso contrário, esperamos mais um tempo.
A segunda pegadinha é: como guardar?
Qualquer vinho tem inimigos mortais: temperaturas altas, baixa umidade e luz solar ou iluminação forte. Já notaram como são as lojas de vinho?
Apenas como indicadores ou pontos de partida, as temperaturas de armazenamento devem estar entre 12ºC e 18ºC e a umidade entre 70% e 80%. O local deve ter pouca iluminação, bem protegido de aparelhos que gerem calor e total ausência de odores estranhos…
Dependendo da sua cidade, isto pode ser muito fácil de obter ou um grande problema. Aqui no Rio de Janeiro, a temperatura média anual fica em torno dos 24ºC, o que quase obriga a termos um eletrodoméstico só para guardar vinhos.
Desaconselhamos usar geladeira ou condicionadores de ar. A primeira trabalha com temperaturas abaixo de 5ºC. O segundo consegue, em condições muito boas, manter um ambiente a 20ºC.
Não é o ideal, mas por um período curto pode funcionar.
A última pedra do caminho é a posição de guarda.
Aqui a coisa fica bem interessante. A regra básica é: vinhos tranquilos devem ser armazenados na posição horizontal, com a rolha sendo umedecida pelo líquido. Espumantes, com rolha, também se beneficiam da posição deitada, mas os elaborados pelo método ancestral, que são fechados com “chapinha” devem ser guardados na vertical, principalmente para se obter uma boa decantação dos sedimentos em suspensão.
Já que estamos falando disto, outra coisa a ser evitada são movimentações bruscas das suas garrafas que estão guardadas. Tudo deve ser muito suave e cuidadoso, mesmo na hora de consumir. Sacudir uma garrafa, inclusive de espumantes, pode mudar a estrutura molecular do vinho.
Vocês não vão querer beber isto.
Saúde e bons vinhos!
Dica da Karina – Cave Nacional
Monte Sant’Ana – Moscato Giallo 2023
Produzido pela Monte Sant’Ana, uma vinícola familiar localizada no município de São Marcos, no coração da Serra Gaúcha, esse vinho branco é um coringa para dias leves e quentes. Da uva Moscato Giallo, é um vinho de aspecto brilhante de coloração amarelo-palha com reflexos esverdeados. Com aromas intensos e envolventes, destacam-se notas florais e frutadas como banana madura, pêssego amarelo e toques cítricos. Em boca, apresenta frescor e um bom equilíbrio entre acidez e álcool.
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CRÉDITOS: Imagem de abertura obtida no Adobe Stock
Engenheiro, Sommelier, Barista e Queijeiro. Atualiza seus conhecimentos nos principais polos produtores do mundo. Organiza cursos, oficinas, palestras, cartas de vinho além de almoços ou jantares harmonizados.
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