3 de dezembro de 2024
Colunistas Ligia Cruz

A lógica de Gates

Foto: Google Imagens – Canaltech
Entre tantas bobagens que circulam na internet, há gente que jura que Bill Gates não é humano, mas “reptiliano”, e seria mais um entre muitos que estão infiltrados na Terra, vivendo entre nós.

Se ele nasceu de um ovo e tem sangue frio, é o que menos interessa. O que ele disse ter previsto, em 2015, foi uma pandemia, entre muitas que os sapiens vem enfrentando há 300 mil anos. Só um chute, baseado na lógica de que os adensamentos populacionais desencadeiam crises fitossanitárias, quando avançam para regiões de mata e em biomas intactos.

Eu e você que lemos um pouquinho, não precisamos ser um lagartoide bem sucedido para chegar à conclusão. Todos os vírus e bactérias conhecidos surgiram do contato humano com animais que habitam áreas de floresta. A Aids e o Ebola, apenas para citar dois mais recentes, são endêmicos da África central e estavam lá quietinhos há milênios, antes de nos atingir. As infecções teriam ocorrido através do contato com espécies de macacos que vivem nas bordas de mata fechada.

Com a pandemia da Covid-19, não foi diferente. Os cientistas que se bandearam para a China, na tentativa de descobrir os vetores do coronavírus-19, saíram com mais dúvidas do que certezas. Em Wuhan, não ficou claro que morcegos seriam os “responsáveis” pela desgraça.
Alguns até dizem que podem ter se originado em frutos do mar contaminados. Do mar? Wuhan fica bem longe. Poderia ser então no mercado?
Talvez. O fato é que a China não quis abrir os dados dos prontuários dos primeiros pacientes na íntegra. Forneceram somente resumos, impedindo os especialistas da OMS de ir além.

Talvez esse enigma não seja desvendado integralmente pelos outros países e só os chineses tenham acesso a informações privilegiadas. Afinal o país é imenso e tem áreas consideradas de segurança nacional.

Medo de serem responsabilizados? Talvez. Cá para nós,  Xi Jinping é pragmático, de pouca conversa, e um vírus tinhoso não pode atrapalhar os planos de conquista mundial dele. Sempre vai prevalecer a hipótese de teoria da conspiração de vírus criado em laboratório. O bioterrorismo também é tema recorrente entre nós e ninguém vai admitir que pratica.
Nós aqui temos uma Amazônia inteira com grande parte de florestas intactas. Sim, no plural,  porque os biomas são diversos como as espécies que lá habitam. Ainda há tribos sem contato com a civilização em pleno século XXI. Óbvio que lá há muitos insetos, animais vírus e bactérias ainda não catalogados.  Nem mesmo tribos indígenas  têm acesso a muitas áreas. Ou podem até  ter anticorpos para organismos que sequer conhecemos.
São só hipóteses, “à la Gates”.
O dono da Microsoft não é, portanto, especialista e nem adivinho, ele lê, pensa e diz.
Sem desmerecer sua genialidade, é fato que ele está mais habituado a lidar com outros tipos de vírus – aqueles que invadem os computadores. E as vacinas desse universo são bem caras. Nem mesmo ele é capaz de prever as ações dos hackers do mal. De resto, o gênio da computação não manja nada de coronavírus, mas chuta bem.
Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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