Meu saudoso amigo Antonio Olinto costumava dizer que quando lia um erro de português era como se um espinho espetasse o seu olho. Tenho encontrado cada vez mais em muitos textos esse solecismo. Por exemplo, “que trata-se…“ O correto é “que se trata”.
Antonio Olinto, membro da Academia Brasileira de Letras, nos áureos tempos, é o autor da excelente trilogia “Alma da África”: “A Casa da Água, “O Rei de Keto” e “O Trono de Vidro” – entre muitos outros livros – escreveu até mesmo um sobre Confúcio! Foi o criador do Prêmio Walmap, adido cultural na Nigéria, onde aprender a falar iorubá, adido cultural em Londres, fundador de uma biblioteca dedicada a livros brasileiros na Romênia, etc.
Tinha um grupo de amigos que se reunia uma vez por semana para almoçar e tratar de assuntos relevantes conversando em latim, para não perderem a prática (entre eles Roberto Campos e Paulo Mercadante). Ah, e adorava sobremesas com coco, que eu sempre preparava para ele com coco fresco ralado na hora. Quando acabava de almoçar na minha casa, Antonio Olinto sempre cantava feliz: ” já comi, já bebi, o que que eu estou fazendo aqui?”.
Continuando no assunto de colocação de pronomes: Qualquer palavra de sentido negativo também atrai o pronome: Não, nunca, jamais, nem, ninguém, nada, etc.
“Qualquer advérbio (palavra que exprime circunstâncias de tempo, modo, lugar, afirmação, dúvida, etc.), como hoje (tempo), sempre (tempo), já (tempo), sempre (tempo), talvez (dúvida), agora (tempo), aqui (lugar), etc. Exemplos: Aqui se faz, aqui se paga; Eles agora se entendem; Tudo já se acabou; etc.
Obs.: se, após o advérbio, houver pausa (com vírgula), não haverá a atração: Ontem, deram-me um presente;
Pronomes demonstrativos, principalmente os grifados (este, esse, aquele, isso, isto, aquilo etc.). Exemplos: Esse garoto se deu mal; Sabia que isso lhe faz bem?;
Pronomes indefinidos (aqueles que se referem a um ser de maneira vaga, imprecisa, indefinida), como tudo, todos, vários, muitos, poucos, diversos, alguém, ninguém, etc. Exemplos: Ninguém se culpou; Creio que todos o chamaram; etc.”
E lembro da exceção sempre feita quando o verbo está no infinitivo.
Jornalista, fotógrafa e tradutora.