Uma notícia interessante: a revista científica Lancet publica um estudo que atesta a eficácia de 91,6 por cento da vacina Sputnik V.
O estado da Bahia sempre esteve interessado em comprar essa vacina. A Anvisa coloca algumas barreiras, porque ela não foi testada no Brasil.
É hora de olhar esta vacina russa com mais cuidado pois ela está fazendo um trabalho conjunto com a Oxford Astrazeneca que é a aposta do Brasil. Não sei se, pela semelhança de técnicas, elas serão fundidas ou se a experiência consistirá em aplicar a dose de uma e a dose de outra.
A Oxford Astrazeneca já foi aprovada em caráter emergencial e a Fundação Oswaldo Cruz já encaminhou os documentos para uma aprovação definitiva.
O único problema dessa vacina Sputnik V é que seus representantes no Brasil são políticos ou passaram pela política. Isto tira, infelizmente, um pouco da credibilidade.
Mas os russos prometem colocar 10 milhões de doses de vacinas prontas e complementar com mais 100 milhões ao longo do ano.
Se a Anvisa conseguir acompanhar bem o processo e exigir o cumprimento de todas as normas de segurança, a Sputnik V pode ser mais uma alternativa no mercado.
Nas eleições da Câmara e do Senado, o tema vacinação apareceu na boca dos vitoriosos, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco. Ambos parecem dar importância ao tema e isso é bom porque ajuda a despertar Bolsonaro.
No caso de Lira pode ter sido apenas uma importância retórica pois depois da vitória ofereceu uma festa para 300 pessoas, a maioria delas sem máscaras.
Tanto aqui como nos Estados Unidos usar ou não máscara dividiu. Adeptos de Trump e Bolsonaro a condenam, enquanto os outros a utilizam prudentemente. O próprio Biden a tornou obrigatória em área sob responsabilidade federal.
Ontem falei muito na televisão sobre a vitória dos candidatos de Bolsonaro no Congresso. Isso abre uma nova fase, como aliás já mencionei aqui.
Achei curioso o número de votos de Lira: 302. Por pouco não foram 300 votos um número redondo e simbólico. No passado, tive de fazer vários discursos de defesa da liberdade de expressão do grupo Paralamas do Sucesso .
Ele cantavam a música sobre os 300 picaretas, inspirados na famosa frase de Lula. Os deputados queriam proibi-la e processar os autores.
Felizmente deu para contornar. Foi um dos momentos delicados que passei naquele lugar. Ontem quando Heraldo Pereira dizia na televisão: nossas câmeras vão ficar atentas a tudo que se passa no plenário da Câmara, não resisti e disse: passei 16 anos ali e acho um dos lugares mais desinteressantes do mundo, sem contar o problema do ar condicionado que tentamos mudar na época porque tendia a contaminar o ambiente.
Quanto ao novo momento, aliás muito parecido com o governo Temer, o melhor é esperar e ir falando aos poucos sobre ele. O toma lá, da cá é um processo sempre renovado em cifras, exigências e chantagens. A relação governo Congresso tornou a ser algo previsível e ela é um dos fatores que trouxeram desencanto à política e favoreceram a emergência de uma figura como Bolsonaro.
Chega a ser cansativo ver presidentes se elegendo com um discurso e se tornando, em seguida, o oposto de tudo o que disseram em campanha.
Fonte: Blog do Gabeira