Isto muda tudo, pelo menos aqui no Rio de Janeiro onde está localizada a redação deste site. Poder degustar um belo tinto, encorpado, aromático, saboroso, acompanhado de iguarias que são atípicas para o dia a dia carioca é um prazer inigualável.
Conhecemos Enófilos que nem se preocupam com a época do ano, consumindo tintos, brancos e rosados, espumantes ou tranquilos, ao sabor do controle remoto do ar condicionado (e da conta de luz).
E daí? Perguntam muitos, aliás, pergunta da moda…
O vinho tem raízes históricas, é cheio de pequenos mistérios, de conceitos e regras não escritas e de disputas por certos títulos “nobiliárquicos” que podem ser definidos como esplêndidas formas de marketing, apenas. Mas há muitos fatos concretos e importantes que sendo observados vão elevar ao máximo as delícias de saborear um tinto.
Um desses mistérios, que é melhor definido como um conceito muito complexo de ser compreendido, o Terroir, é um ótimo ponto de partida para explicar as razões pelas quais não basta abrir a garrafa e degustar. Esta experiência deve ser mais abrangente. Assim como no Terroir, devemos levar em conta os diversos fatores que estarão envolvidos no ato de beber uma taça de vinho: o ambiente, a comida, as pessoas e sobretudo o clima.
Agora imaginem-se abrindo um Barca Velha, um dos grandes tintos de Portugal, aqui na areia da praia de Copacabana, sob um escaldante sol de 40º. Tem cabimento? Já no alto da serra, a coisa muda muito de figura.
Um belo tinto, mais pesado, bem vinificado, tem a cara do inverno. Algumas castas se identificam, naturalmente, com esta estação do ano: Cabernet, Syrah, Malbec, Merlot, Carménère, varietais ou em alguns dos mais famosos cortes como o bordalês e o GSM, onde vamos encontrar as uvas Grenache e Mourvedre, só para mencionar as mais conhecidas.
Vinhos tintos são icônicos por natureza. Não precisam ser de Bordeaux, da Borgonha ou do Rhône para imporem sua presença. Basta serem bons vinhos.
No capítulo dos acompanhamentos a variedade é quase tão extensa quantos a das uvas tintas. Começamos pelos mais diversos tipos de pães, passamos pelos embutidos, presuntos e outros frios, chegando aos queijos maturados com seus fortes sabores. Podemos comer sem culpa.
Não podemos nos esquecer dos caldos e sopas que tanto nos reconfortam nos dias frios. Fondues e Raclettes completam o quadro. Já os apreciadores de uma boa carne na brasa sabem o que significa a combinação do calor da churrasqueira com a taça de vinho e a fatia de picanha: é insuperável.
Para que esta degustação fique perfeita, não se esqueçam de deixar o vinho nas condições ideais de temperatura e aeração. Se não possuírem uma adega climatizada, retirem antecipadamente a garrafa do depósito para que chegue na temperatura ambiente, naturalmente. Tirem a rolha cerca de 1 hora antes de servir, permitindo que o vinho respire. Se tiverem um decantador, usem, este é o momento.
Taças imaculadamente limpas, não estraguem o primeiro prazer, observar a coloração e nem acrescentem aromas e sabores vindos sabe-se lá de onde…
Aproveitem, em alguns locais do Brasil isso só possível em umas poucas semanas do ano.
Saúde e bons vinhos!
Créditos: imagem de Mandy Fontana por Pixabay
Engenheiro, Sommelier, Barista e Queijeiro. Atualiza seus conhecimentos nos principais polos produtores do mundo. Organiza cursos, oficinas, palestras, cartas de vinho além de almoços ou jantares harmonizados.