17 de abril de 2024
Ligia Cruz

A Boeing e seu B-737 Max 8

Quanto especialista em aviação misturando querosene com abobrinha!

Agora o Procon entra em cena notificando a Gol a não escalar os seus jatos B-737 Max 8 para evitar acidentes.

Desde quando o órgão ganhou o status de controlador de operação aérea, determinando que aeronaves do modelo não podem voar? Cadê a Anac para responder a isso? Baseado em que o Procon tomou essa decisão? Essa não é sua esfera de atuação.

Pode sim intermediar quando uma companhia aérea deixa de cumprir o contrato de transporte, desde que o passageiro tenha formalizado uma queixa. Fora do campo da prestação de serviços o órgão não pode interferir.

Não há ainda nenhuma comprovação factível de que a queda do jato da Ethiopian Airlines, na manhã de domingo passado, em Adis Abeba, Etiópia, tenha ocorrido por falha de algum ou vários sistemas mecânicos e eletrônicos. Antes de qualquer confirmação é preciso analisar o conteúdo da caixa preta e cruzar com todos os indícios coletados na cena da tragédia. Óbvio que quando há vítimas, como as 157 pessoas do voo etíope e mesmo das 185 que morreram no acidente com o mesmo modelo de jato, em outubro passado na Indonésia, há uma forte pressão emocional.

Mas pode ser só uma coincidência ou mesmo que a interseção de diversos fatores tenha contribuído para com esse trágico desfecho.

Se o governo chinês resolveu proibir a decolagem de seus 100 B-737 Max 8, e o indonésio o seguiu, não significa necessariamente que há um problema de engenharia explícito.

Demonizar a aeronave baseado em hipótese, sem uma investigação cabal, é por chifre em cabeça de cavalo.

Deixar 100 aeronaves no solo por suspeição é caríssimo. Ademais, já teriam sido reportadas à Boeing panes havidas.

A China sabia de alguma coisa que não contou? Se for constatado algum problema de construção no modelo, toda a frota mundial do B-737 Max8 vai parar para cumprir o protocolo mandatório de manutenção. A Boeing se responsabilizará pelos custos e, inclusive, responderá judicialmente pelas vítimas e pelas perdas das operadoras.

Voltando aqui para a tupiniquinlândia, não cabe ao Procon antecipar-se aos fatos e responsabilizar a fabricante e as cias aéreas.

Que a Anac se posicione para não haver o atropelo de competências e a responsabilização antecipada de qualquer uma das partes, sem uma investigação.

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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