Cerca de 3,5 milhões de pessoas já foram vacinadas no mundo. Nenhuma no Brasil. É preciso fazer pressão para que as coisas não demorem tanto.
Tempo meio cinzento e chuvoso aqui no Rio. Fiquei pensando nas apostas que o Brasil fez. Certamente os governos do país e de São Paulo foram aconselhados por cientistas muito capazes.
Espero que tenham paciência para as considerações de um leigo. Podem ser idiotas mas de qualquer maneira, nesse espaço tenho liberdade até de errar.
O governo apostou na Oxford-Astrazeneca. E só nela. São Paulo apostou na Coronavac. E só nela.
Havia um mais amplo no potencial mercado de vacinas. Apostamos nas vacinas que usam vírus desativado. Saíram na frente as que partem de técnicas mais modernas, as que usam o chamado RNA mensageiro e se originam na medicina genética que já experimentos com doenças graves.
Leio que o problema central foi a necessidade de transferência de tecnologia, para que a vacina pudesse ser produzida aqui. Mas se esse quesito não pudesse ser atendido por todos, talvez não valesse excluir as da Pfizer e a Moderna que não o atendem.
Nos tempos em que apostava em corrida de cavalos, um dos critérios elementares, não o único, para a escolha, era o retrospecto, o conjunto de vitórias ou derrotas anteriores do candidato.
Soube que a Pfizer já tinha uma experiência em vacinas, ao contrário da Astrazeneca. A história dos 70 graus negativos está sendo contornada com o uso de gelo seco na embalagem e leio que, nos EUA, a temperatura da carga é monitorada à distância.
O resultado é o seguinte: vamos ter a vacina da Astrazeneca talvez no fim de fevereiro. Mas não sabemos ainda sua eficácia, nem quando os estudos serão, efetivamente, concluídos.
Vamos ter a partir do fim de janeiro, a Coronavac, cuja eficácia ainda não conhecemos.
Ambas têm de passar pelo crivo da Anvisa. A Turquia anunciou que a eficácia da Coronavac era de 91 por cento. Parece que no Brasil esse índice foi menor.
Na entrevista coletiva, foi dito que os dados brasileiros foram enviados à China para que houvesse uma unificação. O que significa isto? A eficácia expressará um índice médio, retirado do confronto de todas as experiências?
Mas se a eficácia no Brasil foi de 60 por cento, digamos, esse índice será somado ao turco e dividido por dois? Até que ponto expressaria a realidade local?
Tenho muitas dúvidas e aquela entrevista coletiva do diretor do Butantã não me esclareceu muito.
Vamos esperar. Pelo menos o sol com sua generosa producão de Vitamina D chegará antes, talvez na virada do ano.
Se houver chance, leia meu artigo: Vacina, o fator que importa. Saiu hoje no Estadão está disponível no site gabeira.com.br
Fonte: Blog do Gabeira