A popularidade pode ser uma faca de dois legumes. Ops, de dois gumes, ou é um só?!! Ah! que dúvida!
Um fulano, rapazote metido a MasterChef, deixou as cozinheiras de plantão indignadas ao “ensinar” a fazer arroz em cinco minutos na panela de pressão. Viralizou!
E o motivo não foi por nada do que ele propôs ser a descoberta do século ou o uso da tal panela, mas porque ele despejou meio litro de óleo para realizar a obra.
De professor ele pagou um tremendo mico de inconsequente. Ninguém perdoou. O povo caiu matando não só porque foi uma péssima ideia, mas pelo exagero da receita. Vamos lá. Um óleo bom, que não é o de soja, por favor, está custando o olho da cara. O de girassol subiu para doze a quinze reais o litro, nos grandes supermercados — se alguém achar mais barato, me avise.
Depois, porque o consumo exagerado do produto é um apelo para entupir veias, artérias e provocar infartos, o tal AVC e outros males.
O gosto do arroz do rapaz deve empanzinar na primeira garfada, de tanta gordura. Na última vez que eu vi a postagem, o pobre e bem intencionado chef, estava apanhando em mais de 400 reprovações. Esse, se não for casado, não arranja casamento até que retire esse post do “ar”.
Outra tentativa frustrada de popularidade foi a de um sujeito, filmado pela mulher, que decidiu que sua ideia de economia é tão genial que precisava ser ensinada: fazer sabão com restos de sabonete. Super original, certo?! Afinal, quem não se incomoda com aqueles pedacinhos que sobram nos banhos e vão para a lixeira?
Uns até grudam o restinho no outro novo e seguem usando até virar espuma nos pés. Porém, não é de costume que se trata, mas o resultado catastrófico que rendeu a “aula” grátis de como fazer o tal sabão e a forma de como usá-lo — a melhor parte.
Minucioso, após cortar com tesoura todos os pitocos de sabonete, ele colocou numa panela comum, adicionou um litro de água, uma xícara de açúcar e ficou mexendo até dissolver. Encheu vários potes e aí vem a melhor parte: a demonstração após a mistura endurecer.
Ele lavou a panela utilizada na pia da cozinha, com a esponja de louça, depois pegou um par de tênis e começou a lavá-lo com uma escova de limpeza — na pia da cozinha! Toda a porquice escorrendo na esponja e espirrando para todos os lados. Tudo com aprovação da esposa que seguiu filmando seu galã, que a chama de “amor” o tempo todo, dando um show! Viralizou! E a galera não perdoou.
Uma festa de comentários, de gente que sabe brincar e manda tiradas ótimas. O mais engraçado é que tem gente que se irrita de verdade e despeja um ódio visceral no teclado em quem sequer conhece, só porque resolveu compartilhar sua grande sacada. Afinal, como pode o sujeito usar “aquilo” que lavou “partes íntimas” na pia da cozinha e de quebra “faxinar” o tênis onde se lava os pratos? Tudo verdade.
Garanto que é melhor do que muito stand up que já vi. Nem me lembro quantas mensagens o professor de sabão recebeu. Só sei que até chorei…de tanto rir.
Uma senhora, dona de casa clássica, dessas espevitadas que fazem de tudo, resolveu contar o segredo de um suco fantástico, que é o preferido do marido. E tudo no liquidificador!
Pelo jeitão dela, bem simples e despojada, imaginei: aí vem coisa boa! Ela pegou dois sachês de Tang, esvaziou uma caixinha de leite condensado, acrescentou água e bateu. Fiquei perplexa, com cara de peixe no aquário. Afinal, o que é que se faz com leite condensado que fica ruim? Ri de mim. Na minha modesta opinião ela estragou o leite. Nem vi a quantidade de críticas e elogios. Viralizou, foram muitos.
O mais interessante é que essas pessoas se dizem influenciadoras digitais, têm ou querem ter canais no YouTube para ficarem conhecidas e aumentarem seus ganhos. Nada contra, é lícito e mais transparente, impossível. Nem precisa pagar para ver.
Essa gente se expõe, diverte e arranca risos nesse mundo que anda tão chato. Creio que seja a melhor parte das mídias sociais, além dos textos inteligentes e bem amarrados, dos poetas de plantão, de gente que canta e toca instrumentos, faz arte e coisas originais. Continuo caçando essas pérolas todas. Quem souber de alguma, me conte que eu vou lá rir.
Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.
