A Comissão dos Direitos Humanos da OEA interpelou o Brasil por não proteger adequadamente os yanomamis e iecuanas na Amazônia diante da pandemia.
A Comissão já havia denunciado o problema. Não ficou satisfeita com a resposta muito geral do governo brasileiro. Um dos pontos básicos é retirar garimpeiros e invasores das terras indígenas. Eles são considerados um vetor da transmissão da doença.
O alerta da OEA vem num momento especial. Há uma pressão econômica por uma nova política amazônica. Há uma crença internacional que o Brasil fracassou na sua política contra a pandemia.
Esse desgaste duplo converge precisamente na situação dos povos indígenas, Amazônia e coronavírus se unem para complicar a situação do governo.
Tenho lembrado que o conceito de genocídio implica também em destruição parcial ou completa de uma etnia. O governo precisa tomar muito cuidado para não acabar no banco do réu no Tribunal Internacional, em Haia.
Quando deputado e ainda havia um diálogo com a Venezuela, constituímos um grupo dos dois países para debater problemas comuns. Um dos pontos importantes da pauta eram precisamente os yanomamis.
Ele existem nos dois países, ignorando as fronteiras nacionais.
São considerados um povo orgulhoso de seus costumes e crenças.
Começou a história da reforma tributária. O governo vai querer encaixar um novo imposto sobre transações eletrônicas, que cresceram muito com a pandemia.
O buraco brasileiro é tão profundo quer talvez seja necessário um novo imposto.
Mas não creio que haverá condições políticas para isso, enquanto o governo não enxugar sua máquina e mostrar que é capaz de fazer o esforço que se espera dele.
Não creio que o governo Bolsonaro seja capaz de fazer isso, uma grande reforma administrativo. Assim como não creio na sua capacidade de mudar a política ambiental, a política de combate à pandemia, e a própria educação.
Terá de passar por uma profunda mudança mental, abrir mão de grande parte de sua visão de mundo.
Isso só é possível para quem tem dúvidas, para quem se transforma diante dos dados. Alguém como Lord Keynes que dizia: quando os fatos mudam, mudo minhas ideias, o senhor o que faz?
Hoje comentei no podcast aquele história do desembargador que humilhou o guarda. Uma digressão sobre o livro de Roberto da Mata, que foi lançado há 41 anos: Carnaval, Malandros e Heróis, um clássico da antropologia brasileira.
Meu ponto é este: as coisas não mudaram tanto mas a simples existência do telefone celular ajuda à ideia de que a lei vale para todos. Não só em casos como este de Santos, humilhação de um guarda por uma suposta autoridade, mas também na violência policial em comunidades pobres.
Os dias continuam lindos no Rio. Previsão de sol até domingo. Tomara que fique assim. Hoje fiz podcast de manhã, tevê na hora do almoço, escrevi o artigo do Estadão e ainda tenho a jornada noturno e uma live. Não é o caso de hoje. Mas nem sempre essas lives merecem ser chamadas assim.
Algumas deveriam ser chamar deads porque quase ninguém vê. Mas amigo é pra essas coisas.
Fonte: Blog do Gabeira