De novo em casa, para ver a CPI da Pandemia. Hoje foi dia do coronel Élcio Franco, número dois da gestão do general Eduardo Pazuello.
Ele apenas confirma a impressão que temos de que o grupo militar que assumiu o ministério tem uma visão negacionista e não estava preparado para a tarefa de combater uma pandemia dessa dimensão.
No atraso para a compra da vacina da Pfizer ele argumentou também com um problema no sistema de comunicação eletrônica de seu gabinete. Ficou uma semana sem concerto. Imaginem se fosse uma guerra de verdade, como ele teria sido engolido.
No caso da vacina da Coronavac explicou a hesitação na compra sob o argumento de que tinha medo do país virar um cemitério de vacinas, pois ela poderia ser reprovada na fase três.
Ele estava mais preocupado com um hipotético cemitério de vacinas do que com os cemitérios de gente que foram se enchendo ao longo do período.
É um erro colocar um grupo de militares num ministério desses com a tarefa de combater a pandemia. Não são preparados para isso.
Políticos costumam cometer um erro semelhante. Acham que como quadros políticos podem resolver qualquer problema, independente de terem estudado e praticado alguns anos antes.
É uma visão de onipotência que de um modo geral, quase sempre atropelada pela realidade.
Bolsonaro de novo envolvido num escândalo de fake news. O funcionário do Tribunal de Contas que inseriu um falso documento no sistema para negar metade das mortes por Covid é ligado ao bolsonarismo.
Horas depois de inserir um documento, unilateral, desconhecido da instituição, no sistema do Tribunal de Contas, Bolsonaro já estava repercutindo sua aparição como um fato extraordinário
difícil acreditar que não estavam articulados para produzir esta fake news.
Durante toda a manhã participei de uma conversa com Fernando Henrique Cardoso, que está fazendo 90 anos. Foi gravada pela Fundação e nela Sergio Fausto me fez uma pergunta interessante:
-Como atenuar o pesado clima político no Brasil?
Dei uma longa resposta e pretendo escrever um artigo sobre o tema. A fórmula na minha cabeça é a cordialidade na oposição, uma vez que tem uma tarefa comum. E sobretudo habilidade com os eleitores de Bolsonaro que podem estar arrependidos e precisam de um estímulo para mudar de posição. Estigmatizá-los não ajuda,é preciso deixar um caminho aberto para a revisão.
Hoje não tenho tempo para desenvolver isto. Mencionei o fato de que a oposição se une em Israel e é muito mais heterogênea do que no Brasil, da mesma maneira fala-se união oposicionista na Hungria.
Por que não no Brasil, apesar de a oposição enfeixar candidaturas diferentes?
Fonte: Blog do Gabeira