Hoje é dia do jornalista. Recebi muitos cumprimentos, palavras carinhosas e estimulantes. Agradeço a todos.
Passei esses dias pensando numa frase para participar de uma campanha pelo Brasil no exterior.
Cada pessoa pode usar apenas uma frase. Acabei encontrando-a num titulo do artigo de Joseph Stiglitz ,Michael Spence e Jayati GosH. Ninguém estará a salvo enquanto todos não estiveram a salvo. É um artigo defendendo a quebra momentânea das patentes para que muitos países possam fabricar vacinas contra a Covid-19.
O Supremo está julgando se os cultos religiosos podem ser feitos apesar da restrição dos governos estaduais e municipais. Creio que deveria manter sua decisão anterior reconhecendo a autonomia de governadores e prefeitos que conhecem bem a situação de seus lugares. Nesse quadro, o Supremo não libera o que for permitido por eles, nem proíbe o que for liberado.
Esta posição equidistante me parece a saída coerente. Ontem ouvi um discurso de Fux afirmando que é preciso uma posição nacional, que valha para todo o país. Não sei se por ai é o melhor caminho.
Hoje li uma longa, longa mesmo porque me tomou quase toda a manhã, reportagem no NYT sobre a vacina Sputinik V. Ela já foi adotada em mais de 40 países mas tem uma história muito controvertida. O autor da reportagem vive em Moscou e no final de tantas peripécias concluiu que é melhor tomar a vacina do que ficar sem ela. Cheguei à mesma conclusão lendo o texto e lendo as entrevistas dos cientistas envolvidos e também dos críticos.
Quando tiver uma chance vou usar todos os dados acumulados. O Brasil está compra ou não compra a Spunitik V.
A Anvisa pede documentos e não sei se existem os documentos que ela pede, embora tenha havido um experimento com 30 mil voluntários vacinados e 10 mil voluntários que tomaram apenas o placebo.
Hoje também a agencia europeia de saúde apresentou seu relatório sobre a vacina da Oxford afirmando que os casos de trombose provados por ela são muito pequenos, aconselhando a que seu uso continue.
Ontem foi um dia duro no Brasil: 4.211 mortos. Caminhamos para cumprir aquela previsão da Universidade de Washington que prevê um número de 600 mil mortos até julho.
Essas previsões só se cumprem se não fizermos nada. Creio que ainda há algumas linhas de ação, seja na pressão por um outro comportamento social, seja numa revisão dessas condições que permitem tantas pessoas morrendo porque não conseguem uma UTI.
São saídas difíceis mas devem ser articulados com a pressão por vacinas. O mundo precisa entender que o excedente de vacinas seria melhor empregado aqui porque as variantes estão surgindo a todo instante e podem inclusive minar o esforço de vacinação em outros países, com cepas resistentes à imunização.
Fonte: Blog do Gabeira