Estou um pouco cansado desses debates sobre permissão para cultos religiosos durante os momentos mais graves da pandemia.
Na verdade, cuidei hoje de outro tema também controvertido: os passaportes verdes para vacinados. Como se sabe, existe uma discussão mundial sobre a possibilidade de documentar as pessoas vacinadas para que, entre outras coisas, possam viajar com mais facilidade.
Nova York está preparando um aplicativo que permite às pessoas vacinadas se identificarem. É um trabalho conjunto da prefeitura de lá com a IBM.
Mas ao mesmo tempo em que discutem essas ideias, muitas críticas aparecem. Uma delas é a de que as pessoas não vacinadas não podem ser discriminadas. A outra muito importante também é a de que em muitos pontos do mundo ainda nem receberam as primeiras doses de vacina.
Creio que para os brasileiros ter um documento internacional de vacinação, como o temos de febre amarela, poderia facilitar viagens ao Exterior. No momento, quase todo o mundo – inclusive vizinhos como os bolivianos – prefere que não façamos visitas, nem por turismo, nem para ver familiares ou fazer negócios.
O jornal The Guardian no seu editorial de hoje afirmou que Bolsonaro é uma ameaça para o país e todo mundo. De fato, com o descontrole da crise sanitária, Bolsonaro transformou também os brasileiros em figuras perigosas por causa do número de variáveis do vírus circulando por aqui.
Já o Washington Post publica um interessante material sobre a variante amazônica P1, que foi encontrada em Manaus e já é predominante em muitos pontos do país.
A reportagem é escrita no Peru e a afirmação dos seus autores é de que a variante P1 não é mais um problema brasileiro mas de toda a América do Sul, principalmente dos países amazônicos, como Peru e Colômbia.
Temos de correr com as vacinas mas a situação internacional não é boa. Ontem, Biden criou a figura da diplomacia da vacina e nomeou um diplomata para conduzi-la. Mas na China, por exemplo, pelas necessidades da vacinação haverá uma certa queda de ritmo nas exportações.
Temo que nos restem poucas saídas, ao fim e ao cabo. Uma delas é quebrar patentes e apoiar o movimento internacional com este fim, da mesma maneira que o apoiamos durante a pandemia de AIDS.
A outra é intensificar campanhas, unindo artistas e publicitários para tentar obter um comportamento mais cuidadoso.
Infelizmente não contamos com o governo federal. Mas essas campanhas poderiam ser organizadas em nível estadual. Prefeitos e governadores precisam se mexer mais nessa direção. E estimular campanhas de solidariedade que transformem os chamados ao isolamento social em algo com mais credibilidade e não apenas um apelo de quem tem condições materiais de se isolar.
Isso é um longo caminho, mas precisa ser trilhado. Temos de estancar essa mortandade, não cesso de apelar aqui e em outros lugares.Área de anexos
Fonte: Blog do Gabeira