28 de março de 2024
Eliana de Morais

A incrível arte de procrastinar

artigo_75292-300x212por Leonardo Posich
Nós, seres humanos, somos exímios e mestres na arte de deixar para amanhã aquilo que pode ser feito depois de amanhã.
O cérebro é incrivelmente adaptável, inúmeras vezes um dos motivos para tanta procrastinação é o medo do desconhecido.
Antes de começar a rascunhar este artigo, confesso a mim mesmo e a você leitor que muito eu procrastinei, senti uma preguiça! Por hora, surgiam compromissos de imediato e que não poderiam ser procrastinados. Tinham de ser resolvidos o mais breve possível. Além disso, tive que relutar contra mim mesmo se deveria ou não escrever sobre esse assunto “tão manjado” sobre o qual muito se comenta e que poucos tomam alguma postura frente a esse mal que destrói nossas vontades e até mesmo sonhos.
Falando em preguiça, eu comecei a esboçar este artigo em plena segunda-feira, dia mundial dos preguiçosos. Juro que lutei contra minha vontade de deixar para amanhã aquilo que eu poderia fazer depois de amanhã. Eu poderia contar nos dedos, não fossem as inúmeras vezes que deixei para última hora um trabalho de faculdade ou mesmo ter que estudar todo o conteúdo de um semestre inteiro para uma prova final. Além disso, somos mestres em passarmos noite adentro estudando, aproveitando as últimas horas antes da tal prova de arrepiar. E num desses tropeços da vida, por pura procrastinação, é que aprendi a praticar a tal lei do desapego e me ater no mal que arruinou muitos de meus projetos e que dá nome a este artigo.
Afinal de contas, por que motivo procrastinamos tanto? A resposta, embora simples e óbvia, já vem lá dos primórdios da história da humanidade. Nosso corpo foi programado para economizar o máximo de energia possível com o propósito de usá-la em momentos de perigo. Daí quem sabe surgiu o hábito que assola boa parte da humanidade conhecido popularmente como sedentarismo. Talvez esteja aí um indicador forte para uma das causas da obesidade.
O cérebro é incrivelmente adaptável, inúmeras vezes um dos motivos para tanta procrastinação é o medo do desconhecido, amamos a zona de conforto, lá nos sentimos tão seguros quanto dentro de um abraço apertado. Lutamos, galgamos cada degrau dessa longa escada de aprendizado em busca de conforto, sombra e água fresca. Queremos mesmo é poupar energia, usá-la somente “se necessária” e, é claro, se a preguiça não falar mais alto que nosso próprio instinto de sobrevivência.
Não podemos esquecer que para chegar aonde realmente queremos ou sonhamos temos que lutar e batalhar por cada meta estabelecida ou imposta por nós mesmos, abdicar desses maus hábitos que funcionam como âncoras em nossa vida, desapegar dessa tal procrastinação que nos toma tempo e acaba muita vezes asfixiando nossos sonhos e projetos de vida.
Engraçado que ao mesmo tempo que temos medo do desconhecido o mesmo também nos instiga a sair do lugar, nos atrai, nos chama atenção, nos envolve. O cérebro, conforme já falei aqui, é adaptável, o novo pode nos assustar, causar um certo desconforto, mas o mesmo causa também uma sensação de liberdade que toma conta de nosso corpo, pulsa na veia e nos abre os olhos para um novo horizonte a ser alcançado. A cada novo degrau galgado, uma nova descoberta, um novo conforto. Assim é a vida, repleta sempre de novos desafios.
O novo nos envolve e, aos poucos, vamos descobrindo seus mais tenros segredos, pouco a pouco vamos nos tornando íntimos, criando empatia e laços de um longo relacionamento. Quando piscamos os olhos numa fração de segundo, nos damos conta de que o novo já não é mais tão novo assim. Esse é um sinal enviado pelo nosso próprio cérebro, mostrando que o mesmo já se adaptou a essa nova realidade.
Quando o cérebro se adapta ao novo, entramos na fase que costumeiramente chamamos de “zona de conforto ou comodismo”. É nessa fase que entramos no tédio, onde as notas musicais entram em descompasso com a melodia, as cores viram penumbra e a vida muitas vezes perde a graça. O pior de tudo é que boa parte da sociedade sofre desse mal do século, que aos poucos, se não nos atentarmos, pode evoluir para aquilo que os psicólogos nomeiam como “depressão”, um câncer da alma.
A procrastinação, assunto em pauta neste artigo, só é saudável em momentos em que precisamos estar a sós com nossos próprios pensamentos, reorganizá-los, separar o que é urgente, priorizar e dar importância àquelas atitudes que nos faltam.
Procure adotar hábitos ou trabalhos de gestão e otimização do tempo. Verás que inúmeras atividades que são deixadas de lado acabam influenciando no resultado final, na meta não alcançada, no(a) namorado(a) não conquistada(o), no sonho não realizado. Lembre-se de que tudo na vida tem seu preço e que esse negócio de deixar para amanhã aquilo que podemos fazer depois de manhã lhe poderá custar o tão sonhado cargo de trabalho.
Aposto que parte daqueles projetos idealizados no final do ano passado já foram procrastinados e, se 50% deles forem realmente colocados em prática, considere-se um vencedor. Nosso cérebro, na maior parte das vezes, “mesmo que de forma inconsciente”, é o maior sabotador de nossos próprios objetivos. O dito cujo vive a nos falar às seguintes frases: “não vai dar certo”, “você já tentou”, “desista, isso não é pra você”. Esses tipos de frases acabam nos desmotivando. Por isso, temos que relutar, quebrar certos princípios e mudar nossos hábitos, tentar quantas vezes for preciso. O tempo é escasso e não volta mais. Por isso, jamais devemos deixar nossos sonhos para amanhã. Talvez, depois de amanhã não tenhamos mais a oportunidade de concretizá-los.
Quero procrastinar em uma rede de praia depois de um almoço gostoso de domingo, quero procrastinar na beira da praia apreciando o horizonte, buscando motivos para tentar uma vez mais, quero procrastinar de mãos dadas pensando em nossos futuros filhos, que por hora não é chegada a hora de falarmos nisso… Procrastinar certas coisas é realmente saudável, porém existe uma linha tênue que divide o saudável do doentio e nós seres altruístas devemos ter claro em nossas mentes a divisão dessa linha, saber até onde podemos ir sem prejudicar nossos sonhos.
Estabeleça metas, busque objetivos, não deixe sua mente entrar na vala comum do sedentarismo e do tédio. Reaja! O que realmente nos instiga a ir ainda mais longe é o novo, o desconhecido. O grande segredo das pessoas bem sucedidas é o trabalho árduo, a dedicação, a luta incansável contra a própria procrastinação.
Deu de ficar lutando contra o tempo. O mesmo, como bem sabemos, é implacável e não voltará atrás para lhe trazer as mesmas oportunidades. Seja a mulher de seus sonhos, o carro de sua vida ou a tão sonhada promoção no serviço. A vida é agora, passado serve apenas como depósito de lembranças e aprendizado. Futuro são sonhos e projetos rascunhados em uma folha de papel. Adote atitudes impulsionadoras. Acerte nos prazos, não adie o relógio. Vença o medo do amanhã e, acima de tudo, eduque seu cérebro com atitudes e hábitos que edifiquem e agreguem valor a sua forma de ser e agir.
Que tal começar aquele seu projeto verão 2014? Se preferir procrastinar, que tal começar o projeto Olimpíadas 2016? Lembre-se de que tudo tem seu preço!
Eu convido você a refletir: que tal deixar para amanhã aquilo que podemos deixar para lá?
(Isso vale para aquele cara de quem não vale mais a pena correr atrás e nem mesmo dar uma  nova chance).
Fonte: http://www.administradores.com.br/

bruno

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *