20 de abril de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

Tiro no pé!

Estou surpreso! Imaginava que a ‘pauta’ das grandes empresas de comunicação, repetidoras associadas à indústria do entretenimento, não penetraria na redação dos meios de comunicação autônomos, que refletem sobre as causas e consequências do predomínio do mainstream na difusão maciça de noticias e produtos culturais criados para consumo.

A escalada da Anitta no palanque político nacional/global se deve a uma tática bem montada pelo mainstream, visando atingir o coração e a mente das novas gerações. Essa estratégia se baseou na perspectiva da perda gradual de contato dos anciãos da MPB – partidários/progressistas- com as novas gerações.

Anitta surge para preencher esse vácuo. Ela não é um fenômeno ímpar, inédito na cultura de massa! Ela se insere no método recorrente às táticas do mainstream.
E daí?

Foto: Google Imagens – OFuxico

Que estrago profundo a Anitta pode gerar nas cabecinhas dos adolescentes que já não tenha sido antes deflagrado pelas sucessivas ininterruptas ações do mainstream?

Acreditar que o mainstream se pauta em qualidade é uma ilusão.

Pensando nisso é que fiquei surpreso ao passar os olhos num artigo do Paulo Polzonoff Jr (jornalista que prezo) para a Gazeta do Povo. O artigo é dedicado à Anitta.

Para o mal ou para o bem, a estratégia do mainstream é fazer subir de patamar as pautas da grande imprensa que incentivam a banalidade como expressão cultural, lhe dando voz para falar de política interna e externa, com a soberba dos especialistas do meio(sic) quer dizer; da casa.

Tentar explicar essas ações pelo viés da razão me parece um tiro no pé, tendo em vista que o objetivo dessa estratégia é viralizar para baixo e para cima, os produtos criados para fim não apenas comercial, cultural e político também.

Nesse contexto não apenas o mainstream vai curtir e compartilhar um artigo ‘inteligente’ sobre um fenômeno de mídia.

A Anitta vai amar! Irá compartilhar com seus seguidores mais uma façanha da sua persona, com visibilidade num veículo de imprensa que goza de credibilidade.

Acho que o aforismo do Cauby Peixoto, que as novas gerações desconhecem por completo, tem validade estendida até os dias de hoje:

“Falem mal! Mas falem de mim’

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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