A letra da canção “Águas de Março” de Tom Jobim traz uma profunda reflexão em tempos de enfrentamento de duas guerras: a da pandemia e a da invasão da Ucrânia. iniciada em março.
“… são as águas de março fechando o verão”…
Em 2001, 214 jornalistas, músicos e outros artistas do Brasil a elegeram como a melhor canção brasileira de todos os tempos (Folha de S.Paulo).
Os versos: “É o fundo do poço, é o fim do caminho” rememoram um passado esquecido?
Sob o patriótico comando de Roberto Marinho, o jornal OGLOBO, no dia seguinte a 31 de março de 1964, em defesa da democracia e de um Brasil de “Ordem e Progresso”, publicou na 1ª página um histórico editorial com um glorioso título e um magistral texto:
“RESSURGE A DEMOCRACIA!
“Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções. Pois os negócios públicos não mais serão geridos com má fé, demagogia e insensatez.
Salvos da comunização que, celeremente, se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos.
Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina que ele permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luta. Sejamos dignos de tão grande favor”.
Neste aguerrido ano eleitoral de 2022, o editorial “queira ou não queira” traz à memória as águas de março de 1964 e a saída “do fundo do poço” para um Brasil verde-amarelo.
Não se trata de panfletar o episódio jornalístico com vistas a incentivar uma aventura militar.
Ao contrário, é uma reflexão de como reagir contra os atuais inimigos da pátria, que se negam a fortalecer a democracia através da união e da pacificação.
É um habeas corpus contra os decisórios dos Supremos Togados, que de guardiões da Constituição viraram seus algozes.
É o grito do “Basta!” aos políticos que desonram seus mandatos e conspiram contra a estabilidade institucional, aliando-se a candidatos, cujo passado os condena.
É o caso do ex-presidente Lula, um ex-presidiário, solto por escandalosa decisão do Supremo, que após arquivar politicamente a prisão em 2ª instância e a ficha suja, o ergueu candidato presidencial, recebido com ovos nas ruas.
O Lula-livre é apoiado por grupos políticos desunidos e empresários que aspiram se beneficiar com a volta da corrupção impune e a certeza de que o crime compensa.
Cresce o repúdio público ao “GloboLixo” com suas narrativas ideológicas que cultuam o ódio e o negativismo, através da desinformação e de notícias falsas, recrudescidas em 2022 para desacreditar a reeleição do Chefe do Executivo e semear a desarmonia entre os Três Poderes.
As águas de março vão fechar o verão e fertilizar soluções para a confiabilidade das eleições, após a rejeição popular às urnas eletrônicas, divinizada pelos Super Togados.
Que o “ressurgir da democracia” do Editorial de 1964 do OGLOBO incentive a Nação a confiar na vitória da luta contra a pandemia e na pacificação, capaz de viabilizar o cessar-fogo na Ucrânia e de garantir o trâmite pré-eleitoral.
Que “todos os patriotas”, convocados no histórico Editorial, possam reviver “dias gloriosos, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opiniões… para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem”.
Que Deus proteja o Brasil das águas de março para serem “a promessa de vida no teu coração”.
Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.