28 de março de 2024
Adriano de Aquino

O romantismo digital durou pouco


Hackers independentes, como Aaron Swartz, um ativista digital precoce, encontrado morto pela sua namorada em 11 de janeiro de 2013 no seu apartamento no Brooklyn, Nova Iorque, foi um dos últimos ativistas comprometidos com a liberdade da informação e a busca do conhecimento e saber.
Alheio a tramas econômicas diretas ou indiretas, ideologias e política partidária, Aaron, é considerado por muitas pessoas (eu inclusive) como um dos grandes nomes da cultura digital comprometido com a liberdade de informação, no alvorecer da história digital.
No ano da sua morte, Alexandre Matias escreveu para a revista Galileu: “Mesmo como réu em julgamento, o hacker Aaron Swartz não deixou a causa do ativismo digital de lado. O ano começou com uma péssima notícia para todos aqueles que prezam pela busca do conhecimento e pela liberdade do saber: no dia 11 de janeiro, Aaron Swartz foi encontrado morto pela própria namorada, no apartamento em que morava, em Nova York.
Tinha apenas 26 anos, mas mesmo encerrando sua vida prematuramente, pode ser considerado um dos grandes nomes do incipiente século digital.Nascido em Chicago, nos EUA, em 1986, ele não tinha nem 12 anos quando aprendeu linguagens de programação em um curso online do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. Em 1999, trabalhou com o criador da world wide web, Tim Berners-Lee, em projetos de web semântica e no ano seguinte, participou da criação do RSS 1.0 Specification, que permitiu a criação de feeds de RSS como conhecemos hoje.
Em 2001, ajudou o advogado Lawrence Lessig a conceber as licenças de compartilhamento que mais tarde seriam conhecidas por Creative Commons e participou da criação da rede social de troca de links Reddit ainda no início do século. Também escreveu o kit de desenvolvimento web.py, que se tornou base de um dos primeiros sites sociais da história, o FriendFeed, e que mais tarde foi utilizado na criação tanto do Facebook quanto das tentativas do Google em criar suas redes sociais.
Até então, sempre foi reverenciado como um jovem mestre e referido até como um “tesouro nacional” dos EUA. Mas, a partir de 2008, sua índole libertária começou a lhe causar problemas. Ao hackear o banco de dados do Jstor, uma database que compila artigos acadêmicos nos EUA, para defender sua tese de que este conhecimento deveria ser de livre acesso e compartilhado online, viu-se vítima de um processo kafkiano que o transformava em criminoso. A procuradoria do estado de Massachusetts moveu uma ação contra ele que poderia resultar em uma multa de US$ 4 milhões e mais de 35 anos de cadeia. O processo não o impediu de continuar exercendo seu ativismo digital, mas as pressões culminaram no início do ano, com a péssima notícia de seu suicídio.
Após sua morte, Lawrence Lessig escreveu um artigo em que peitava o governo norte-americano pela morte de um gênio, por considerá-lo criminoso. Tim Berners-Lee reverenciou o antigo aluno poeticamente: “Aaron morto. Andarilhos do mundo, perdemos um sábio ancião. Hackers corretos, um a menos de nós. Pais, perdemos um filho. Choremos.” Uma perda incomensurável.”
Essa longa introdução visa diferenciar o trabalho de um ativista autentico/ um hacker correto (Aaron) das ações de ‘hackers’ mercenários a serviço de interesses escusos.
Essa gritante diferenciação abre um quarteirão de dúvidas sobre os objetivos ideológicos dos hackers mercenários. Confronta com a intenção e a finalidade de ‘jornalistas’ em dar cobertura a criminosos condenados e sequência à intentos políticos ilícitos e suspeitos.
A matéria do link se concentra nas ‘parcerias’ do site Intercept no tocante aos conflitos entre o Hamas e Israel. Não cita uma linha sobre a estratégia do Intercept no caso da Operação Lava Jato.
Porém, ao ‘ocultar’ a fonte que deu origem as publicações das conversas entre juiz e procuradores da Lava Jato, o site agiu no sentido inverso ao procedimento adotado nas revelações ‘assumidas’ pela fonte mundialmente conhecida: Snowden. Por que essa mudança de procedimento?
O que essa modificação pretende ocultar?
É essa característica, assombrosamente dissonante daquela que deu credibilidade ao repórter do Intercept, que agora coloca sob suspeita toda ‘estratégia’ desse site.

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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