2 de dezembro de 2024
Adriano de Aquino

A galera burguesa ou a decrépita juventude transviada

Uma espécie de admiração rebelde de uma galera ‘burguesa’, com toques de decrépita juventude transviada, pela marginalidade envolve muitos aspectos.

Os mais frequentes são: revolta contra a imagem do pai austero, transferida para toda forma de autoridade, vaga ideia de justiça social que os leva a se colocar ao lado dos delinquentes, adoção desmiolada do que são os direitos humanos, exposição irresistível aos ‘ensinamentos’ dos professores imersos em ideologias, mas que boiam em conhecimento profundo e fértil sobre as matérias que lecionam e, por fim, porém não menos importante; comprar droga barata.
Tempos atrás, o cineasta Akiro Kurosawa, elegeu o tema da opressão dos criminosos aos aldeões japoneses.

Na série histórica de películas sobre esse tipo bárbaro de opressão medieval, quando a luta pelo poder levava os exércitos dos clãs a travarem combates intermináveis e se lixarem para o que ocorria nas aldeias, então entregues à própria sorte, Kurosawa escolheu os samurais, não os delinquentes, para representarem o eixo central liberador das angustias dos aldeões, no período das guerras medievais.
De tanto ouvir ex ministros da Justiça do Brasil dizerem que os presídios são “masmorras medievais” e, por conjecturar que ao falarem se livram das responsabilidades de promover reformas radicais no sistema, me peguei divagando sobre a irresponsabilidade dos ‘clãs’ políticos da atualidade sobre a segurança da população.
Quem tanto fala e nada faz é conivente ou incapaz. Cultivam banzai de erva daninha.
Os episódios violentos no Ceará, onde agora a marginália toca o terror contra a população, não é o primeiro a expor o violento choque temporal entre a enorme população carcerária ‘medieval’ e os aldeões desprotegidos que tentam viver os desafios do cotidiano. Os caquéticos ministros da justiça das gestões anteriores enfim conseguiram transpor para a sociedade como um todo a experiência cruel de uma viagem coletiva de regresso à Idade Média. Cabe ao estado moderno e suas instituições garantir a segurança pública de modo que a população não sofra as consequências da violência medieval generalizada. Um estado moderno deve intervir rápida e eficazmente de forma a prevenir que os ‘aldeões’ tomem por conta própria a iniciativa de autodefesa. Hoje, não existem mais samurais para defender os oprimidos aldeões trabalhadores, impotentes frente ao poder de fogo dos traficantes fortemente armados.
A versão pós-moderna desses guerreiros foi vilipendiada na figura do justiceiro, que faz justiça com as próprias mãos ou pelos milicianos, que agem sob o comando dos impetuosos ‘clãs’ do baixo astral que na ausência do poder publico,sufocam,aterrorizam e exterminam pessoas e oprimem o aldeão.
Fim da projeção!

Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *