19 de março de 2024
Turismo

Monte Saint-Michel, um lugar imperdível

Nesses tempos estranhos de coronavírus, e já cansada de só ouvir e ler sobre o assunto e também sobre a queda das Bolsas de Valores pelo mundo, procurei inspiração para, quem sabe, trazer um pouco de alento ao leitor.
A imagem do Monte Saint-Michel logo me veio à cabeça. Perfeito: um lugar de incrível beleza e um dos principais santuários da Europa, pareceu ser a melhor escolha para o post desta semana. O leitor nem precisa ser religioso, mas na hora de um perrengue vale ter fé, concordam?

O fantástico visual do Monte Saint-Michel! (Fonte: Mônica Sayão)

O Monte Sainte-Michel localiza-se 350km a oeste de Paris, na divisa entre a Bretanha e a Normandia. É o segundo lugar mais visitado da França, só perdendo para Paris.
Não é para menos: além da linda cidadezinha medieval murada que se desenvolveu em torno da abadia beneditina, há um fenômeno único da natureza: o movimento fortíssimo e rápido das marés que transforma o Monte numa ilha, sendo a diferença entre a maré baixa e a mais alta de 15m de altura.
Se o visitante desejar assistir a este fenômeno é essencial acessar o site https://www.ot-montsaintmichel.com/en/horaire-marees/mont-saint-michel.htm, que dirá as datas do ano quando a maré alta irá acontecer.

Uma estrada elevada foi construída recentemente para acesso de pedestres e do shuttle gratuito.
Carros agora estacionam a 3km de distância. (Fonte: Mônica Sayão)

No passado a velocidade da chegada da maré alta causou mortes e carros arrastados pelas águas no estacionamento que era, na época, no entorno da entrada do vilarejo. Há alguns anos o estacionamento foi transferido para “terra firme” a 3km do Monte Saint-Michel e uma estrada elevada foi construída para os pedestres e também para o serviço de shuttle gratuito que opera regularmente entre o estacionamento novo e a entrada do vilarejo. Na maré baixa só se vê areia no entorno de Saint-Michel, muitas vezes movediça, e ainda hoje é recomendado que só se caminhe por essas areias acompanhado por guias locais.

Na maré baixa, só um grande areal no entorno da muralha. (Fonte: Mônica Sayão)
Caminhar pelo areal pode ser perigoso. Recomenda-se o acompanhamento de guia local. (Fonte: Mônica Sayão)

Ainda do lado de fora das muralhas já começa a emoção. Aliás, a gente se emociona desde a primeira visão do lugar.

Vista do Monte Saint-Michel, bem próxima das muralhas, antes de entrar na cidade.
(Fonte: Mônica Sayão)
Um amontoado de casas de pedra muito antigas, um charme só!
(Fonte: Mônica Sayão)
Há duas portas de entradas subsequentes. Na última há uma ponte levadiça.
(Fonte: Mônica Sayão)

São duas portas de entrada subsequentes em Monte Saint-Michel. Uma delas, a mais antiga, tem ponte levadiça que certamente protegeu seus habitantes no passado de invasões indesejadas.

La Mère Poulard, a mais famosa marca da cidade. E tudo começou com um omelete… (Fonte: Mônica Sayão)

Logo na entrada vemos o nome La Mère Poulard. Acostume-se leitor. Tudo começou quando o casal Poulard abriu um restaurante, no século XIX, onde servia um omelete que ganhou fama, e hoje creio que seja o prato mais pedido da cidade. Mas tem que ser o da La Mère Poulard, mesmo que para isso o leitor pague, e paga, um preço muito alto por ele. Hoje a marca Poulard se repete como hotel, loja de souvenirs, café, o que você possa imaginar.

Início da La Grande Rue, e … mais uma La Mère Poulard! (Fonte: Mônica Sayão)

Não falei da marca Poulard? Aqui está ela novamente como loja de presentes. A rua acima é a Grande Rue, que liga a entrada da muralha até a abadia no topo do monte. Pode ser grande em comprimento e em escadas até a Abadia, mas é bem estreita, e super charmosa, com várias lojinhas e todo tipo de restaurantes. Fica lotada no verão, principalmente em agosto, assim como todo o vilarejo. Fui no final de setembro e visitei a cidade no final da tarde, à noite e no dia seguinte cedo pela manhã. Vale a dica!

Ah não! Agora um hotel La Mère Poulard? Sim! (Fonte: Mônica Sayão)
Quando o comércio e atrativos fecham, os turistas vão embora. Agora é que fica bom! (Fonte: Mônica Sayão)
Detalhes da La Grande Rue. Muito estreita e muito charmosa.
(Fonte: Mônica Sayão)
Muitos degraus que proporcionam visuais lindos. (Fonte: Mônica Sayão)

A gente segue La Grande Rue e chega-se a um ponto, antes da heroica subida final até a abadia, onde pode-se optar por passear pelas muralhas da cidade. Foi o que fiz no primeiro dia de minha visita. Andar pelas muralhas foi o que mais gostei de fazer em Saint-Michel. São muitas subidas e decidas e variadas visões da cidade e do entorno arenoso. Parece que a gente é transportada para a Idade Média, recomendo fortemente.

Caminhar pelas muralhas é puro deleite e alguns degraus, eu diria!
(Fonte: Mônica Sayão)
Quem sabe não são muitos degraus e algum deleite? (Fonte: Mônica Sayão)
Tenham esperança: há trechos planos nas muralhas. (Fonte: Mônica Sayão)
E detalhes deliciosos! (Fonte: Mônica Sayão)
E um pouco mais de escadas… Alguém está reclamando? (Fonte: Mônica Sayão)
Mas a vista sempre compensa! (Fonte: Mônica Sayão)
Parece até uma caminhada fácil! (Fonte: Mônica Sayão)
mais das muralhas. (Fonte: Mônica Sayão)

No dia seguinte minha missão era chegar até a Abadia, bem no topo do monte. A história diz que, no século VIII, o bispo Aubert de Avranches teve um sonho com o arcanjo Saint-Michel que lhe disse para construir uma pequena capela no então Monte Tombe.

No século X os beneditinos se instalaram no local e construíram então a abadia. Na época da Revolução Francesa os monges foram expulsos e a abadia foi transformada em prisão. Assim foi até o século XIX quando extinguiram a prisão e empreenderam um grande restauro. Finalmente em 1979 o monumento foi classificado como Patrimônio da Unesco.

A caminho da abadia… Ufa! (Fonte: Mônica Sayão)

Como disse, há degraus para se chegar ao topo, muitos deles. Nada que uma paradinha básica de vez em quando não resolva o problema. E quando se chega lá em cima, é só alegria.

Interior da abadia em estilo românico, que condiz com a época de sua construção. (Fonte: Mônica Sayão)
No pátio em frente à igreja, a gaivota era a atração principal… (Fonte: Mônica Sayão)
E posou para mim em grande estilo. (Fonte: Mônica Sayão)
Uma visita ao claustro é fundamental. (Fonte: Mônica Sayão)
Arcos ogivais duplos. Agora o estilo é gótico. Lindo! (Fonte: Mônica Sayão)
Com certeza valeu a subida! (Fonte: Mônica Sayão)

O Monte Saint-Michel é um desses lugares que a gente precisa visitar durante nossas vidas. Se a visita puder ser conciliada com maré alta e não em agosto, melhor ainda.
Não me hospedei dentro da cidade murada. Os preços eram proibitivos e havia poucos quartos disponíveis. Fiquei num hotel bem próximo ao estacionamento atual, que, aliás, fica escondido do público passante.
Há uns 3 ou 4 hotéis, umas poucas lojinhas e restaurantes, tudo com preços mais acessíveis, e a 3km de caminhada até a entrada de Monte Saint-Michel. Que também pode ser feita no shuttle, como comentei. Achei minha escolha excelente até porque permaneci intramuros até a noite cair, o que dá outra atmosfera ao lugar. Por tudo isso a recomendação de pernoite na região.
A melhor maneira de chegar ao Monte Saint-Michel é de carro. Não há trem direto de Paris até lá, então o carro traz muito mais conforto. Se não houver outro jeito, vale também pegar uma das excursões bate e volta de Paris.

Mônica Sayão

“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”

“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”

    8 Comentários

    • Leila Vieira 1 de março de 2020

      Monica, quando visitei Sant Michel fiz um bate e volta de Paris e com todas aquelas escadas confesso que foi bem cansativo, mas valeu a pena, é sensacional. E a sua descrição então, adorei.
      As fotos como sempre, magníficas. Beijos.

      • Mônica Sayão 1 de março de 2020

        Leila querida
        Muito obrigada pelo carinho!
        Bjs
        Mônica

    • Ana Marcia Suzuki 1 de março de 2020

      Magnífico relato , como sempre com belíssimas foros e comentários inteligentes e oportunos . Me senti num filme de roteiro ambientado na Idade Media mas com um Grand Finale . Parabéns!

      • Mônica Sayão 1 de março de 2020

        Ana Marcia querida,
        Mont Saint-Michel é um sonho! Brigadão pelo seu comentário.
        Bjs
        Mônica

    • Maria Teresa Alves 1 de março de 2020

      Monica, está na minha lista de viagens . Seu comentário está excelentes com belas fotos, como sempre. Deve ser um lugar mágico, principalmente na maré cheia e com lua cheia. Parabéns pelo texto e fotos,

      • Mônica Sayão 1 de março de 2020

        Teresa querida,
        Não deixe de conhecer. É uma paixão!
        Obrigada pelo carinho.
        Bjs
        Mônica

    • Maria do Carmo Salvetti Mosaner 2 de março de 2020

      Mônica , seu texto e fotos me transportaram para este lugar incrível . Parabéns . E sempre prazeiroso compartilhar com você está experiência única . Bj

      • Mônica Sayão 3 de março de 2020

        Maria do Carmo,
        Muito obrigada pelas palavras carinhosas!
        Bjs
        Mônica

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