27 de abril de 2024
Turismo

Rocamadour, um vilarejo imperdível

Vista do vilarejo de Rocamadour, com o castelo no topo e o santuário abaixo, incrustado no rochedo de calcário. (Foto: Mônica Sayão)

• INTRODUÇÃO

Rocamadour, com população de 630 habitantes, é um dos mais importantes lugares de peregrinação cristã da França. Situado no Departamento de Lot, no sudoeste do país, não é tão conhecido para nós, brasileiros, como o Mont Saint Michel e Lourdes. Mas o Santuário de Rocamadour é muito conhecido dos europeus, e atrai milhares de visitantes, ainda mais porque encontra-se em umas das rotas do Caminho de Compostela.

Além disso, Rocamadour pertence à lista dos mais belos vilarejos da França, construído sobre uma rocha calcária, com encosta íngreme, na margem do pequeno rio Alzou. Esse rio é um afluente do rio Ouysse, que por sua vez é um afluente do rio Dordogne. Isso tudo para dizer que ainda estamos no Vale do Dordogne, motivo de dois posts recentes aqui no blog sobre a região: Périgord e os Jardins de Marqueyssac.

• UM POUCO DA HISTÓRIA

A história de Rocamadour remonta aos tempos pré-históricos. Pinturas rupestres provam que a região de Rocamadour foi habitada a partir de 25 mil anos antes de Cristo.

Conta a lenda que a vila deve seu nome ao santo eremita Amadour, que construiu um oratório no qual colocou a estátua de uma Virgem Negra trazida com ele da Terra Santa. Não há comprovação histórica nem data provável. Uma outra teoria é que a pequena Virgem Negra é do séc. XII.

De certo sabe-se que havia um oratório, que até poderia ser pré-cristão.

De certo sabemos que antes do ano 1.000 d.C. já vinham pessoas ao local para rezar à Virgem Negra. A partir da segunda metade do séc. XII, a peregrinação passou a ser bem numerosa, provavelmente por conta dos milagres relatados no “Livro dos Milagres” escrito por volta de 1170. Reis, bispos e nobres passaram a frequentar o oratório.

Com o grande aumento de visitantes, foi construída uma basílica, uma cripta, outras capelas e um palácio para residência dos clérigos. Tudo isso construído nessa encosta vertiginosa de calcário, o que significa construções que se desenvolvem em diferentes níveis, algumas vezes sobrepostas, com acesso por rampas e escadaria enorme, enfim, o conjunto não é de fácil compreensão, mas o que não impede em nada a visita, pelo contrário, a torna mais intrigante.

• O QUE FAZER

A visita a Rocamadour tem como destaque o complexo religioso da Virgem Negra, e também vale um passeio pela pequena cidade de uma rua só, que é muito charmosa, e tem lojinhas e alguns restaurantes bem simpáticos.

Há uma porta medieval de entrada em Rocamadour, na parte baixa da cidade, que naturalmente dá acesso à sua única rua. A entrada chama-se Porte du Figuier e é por onde a maioria dos visitantes acessa o vilarejo. Mas o problema é que para acessar o santuário há uma escadaria de 216 degraus! Como para descer todo santo ajuda, uma opção é fazer o acesso a Rocamadour pelo estacionamento superior, onde os ônibus de turismo param. A vantagem é que do estacionamento ao santuário são só rampas, no meio da mata, onde estão as 14 estações da Via Sacra, uma caminhada fácil e linda! E depois da visita ao santuário pode-se descer os 216 degraus, o que é melhor do que subir.

Há também a opção de usar um elevador inclinado (“ascenseur incline”) próximo do castelo e do início da rampa no estacionamento superior, que leva direto ao santuário e depois até a parte baixa. Mas recomendo muito a descida pelas rampas, pela beleza e pelas estações da Via Sacra. Esse elevador faz também o caminho inverso, partindo da parte baixa de Rocamadour até o santuário ou até o estacionamento superior. O ingresso é pago e é bom verificar os trechos a serem comprados.

Vista do castelo a partir do estacionamento superior. (Foto: Mônica Sayão)
Aqui começam as rampas em zigue-zague, no meio da mata, onde estão as 14 estações da Via Sacra. Ao final das rampas chega-se ao santuário. (Foto: Mônica Sayão)
Vista de parte das rampas, com uma das estações no canto inferior direito da imagem. (Foto: Mônica Sayão)
Uma estação da Via Sacra. (Foto: Mônica Sayão)
Vista do centrinho de Rocamadour a partir de um recanto das rampas da Via Sacra. Uma beleza! (Foto: Mônica Sayão)

As rampas em zigue-zague levam até o santuário. Lá estão as diversas capelas: Notre Dame de la Vierge Noire (a da Virgem Negra), Saint Anne, Saint Blaise, Saint Michel, Saint Jean Baptiste e a capela Ovalie. E lá está também a Basílica de Saint Sauveur (de São Salvador), construída entre os séculos XI e XIII.

Chegada ao santuário: as construções se misturam, às vezes estão sobrepostas. (Foto: Mônica Sayão)
Interior da Capela da Virgem Negra. (Foto: viajandoemumsopro.wordpress.com)
Escadaria com 261 degraus entre o santuário e a parte baixa do vilarejo. Sempre há a opção de descer ou subir pelo elevador inclinado. (Foto: Mônica Sayão)
Parte do complexo do santuário. (Foto: Mônica Sayão)

Após a visita ao santuário, é continuar para a parte baixa do vilarejo, onde há um comércio local muito simpático assim com restaurantes e cafés. Há um queijo típico do lugar que se chama Rocamadour, que é uma delícia! Vale muito experimentar.

Rocamadour é um lugar que pode ser visitado em algumas horas, não sendo necessário pernoitar lá. Mas, dependendo da época do ano, há eventos variados, como o Montgolfíades de Rocamadour, que é um evento que acontece durante dois dias no final de setembro. Muitos balões de todos os tamanhos e cores flutuam em frente a Rocamadour. Há dois lançamentos de balão a cada dia do evento. Os voos do nascer do sol decolam de manhã cedo, por volta das 8 da manhã, e novamente no final da tarde, por volta das 17 da tarde, quando o sol começa a se pôr. É lindo demais! Os visitantes podem aderir a algum desses balões para um passeio mágico. O melhor é entrar no site do escritório de turismo de Rocamadour para saber mais detalhes.

Bisbilhotando o comércio na parte baixa do vilarejo, na única rua do centro histórico de Rocamadour. (Foto: Mônica Sayão)
Porte du Figuer: porta de entrada na parte baixa de Rocamadour. (Foto: Mônica Sayão)

• RESTAURANTES

  • Le Jehan de Valon – dentro do centro medieval, na parte baixa do vilarejo, tem bonita vista do vale e fica próximo do elevador inclinado.
  • La Terrasse de Sainte-Marie – ótimo custo/benefício no centrinho medieval.
  • Le Belvédère – já fora do centro, tem uma vista espetacular de Rocamadour.
  • Le Pont de l’Ouysse – gastronomia caprichada a 12km de Rocamadour.
  • Château de la Treyne – restaurante do hotel de mesmo nome, que pertence ao grupo Relais & Chateaux. Gastronomia excelente, para uma refeição com calma, a 15km de distância de Rocamadour.
Um restaurante charmoso onde almoçamos em Rocamadour: La Terrasse de Sainte-Marie. (Foto: Mônica Sayão)
Pratos simples mais muito gostosos. Ótimo lugar para um almoço rápido. (Foto: Mônica Sayão)

• HOSPEDAGEM

A hotelaria é bem restrita em Rocamadour. Continuo achando que o melhor lugar para hospedagem é em Sarlat-la-Canéda porque é linda, e oferece muitos e variados hotéis e restaurantes. Foi o que fiz quando estive na região do Périgord. A distância entre Sarlat e Rocamadour é de 51km. Segue abaixo minhas sugestões para hotéis em Sarlat:

  • PLAZA MADELEINE & SPA – hotel 4*, com excelente localização, junto ao centro histórico, e muito bom hotel no geral. Clique aqui para mais detalhes.
  • HOTEL MONTAIGNE – hotel 3* muito bom, com ótima localização a 150m do centro histórico de Sarlat, com estacionamento próprio pago ou estacionamento público próximo. Clique aqui para mais detalhes.
  • SARLAT CÔTÉ JARDIN – bed & breakfast 3*, a 150m do centro histórico, é um charmosíssimo lugar para hospedagem, com decoração e jardins caprichados. Clique aqui para mais detalhes.
Última imagem desse lugar tão encantador. (Foto: Mônica Sayão)

• COMO CHEGAR

Para se chegar à região do Périgord (Dordonha), vindo do Brasil, o aeroporto mais próximo é o de Bordeaux, que, como já comentei, vale muito ser visitada. De lá até Sarlat-la-Caneda há a opção do trajeto por trem ou por carro, ambos com duração de 2h, que sempre acho mais interessante porque dá mais flexibilidade.
De Sarlat até Rocamadour são 51 km, percorridos em 1 hora de carro. É a maneira mais rápida e mais confortável.

• QUANDO IR

Os melhores meses são de maio a outubro, apesar de que, eu evitaria julho e agosto porque há muitos visitantes.

LINKS PARA OS HOTÉIS:

PLAZA MADELEINE & SPA

HOTEL MONTAIGNE

SARLAT CÔTÉ JARDIN

Mônica Sayão

“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”

“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”

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