Seu João cresceu a vida inteira no mato, numa fazenda do interior de São Paulo. Sem muito estudo, filho de lenhador, abraçou a profissão do pai logo cedo.
Sabia afiar um machado como ninguém. Sempre que podia, desafiava os demais lenhadores para uma espécie de concurso: “Quem cortava o Ipê mais rápido!”.
Com o passar dos anos, Seu João não se preocupou em aprender novas técnicas de corte e muito menos gostava da motosserra, equipamento que achava desnecessário. Sempre dizia: “Olhem para mim, eu sou o homem-motoserra”.
Os patrões gostavam muito do Seu João, mas o homem já não dava tanta produtividade, seja pela idade, seja pela teimosia em continuar com seu machado.
Certo dia foi demitido sem muita justificativa. Ficou arrasado, pois a única coisa que aprendeu bem, foi tirada, como um golpe sujo. Sentiu-se traído, como fosse de uma esposa desregrada.
A história de Seu João reflete milhões de vidas do nosso planeta.
Pessoas que recusam em se adaptar às novas tecnologias, processos, ou mesmo culturas.
São os chamados analfabetos funcionais. Os que nunca mudarão seu jeitão de ser. Acreditam que as pessoas é que precisam se adaptar a elas, e não o contrário.
Infelizmente, são os que mais sofrerão num mundo repleto de adaptações.
Administrador e Consultor de Empresas, ativista político e estudioso de fraude eleitoral.