25 de abril de 2024
Editorial

A volta dos que nunca foram

Foto: Arquivo Google

E quando todos pensávamos que ele estava aposentado, jogando golfe ou coçando os bigodes… e que estávamos definitivamente livres de sua maléfica influência, eis que, como uma Fênix, renasce das cinzas o Sr. José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, que posteriormente foi chamado, politicamente, de José Sarney. Sim, ele mesmo, aquele dos Planos econômicos e da inflação espacial.
José Sarney veta Pedro Fernandes, e outro renascido, Roberto Jefferson indica sua filha Cristiane Brasil, para o Ministério do Trabalho. Quanta sordidez! Qualquer ministério tem dono, não está para servir o povo. Este, o do Trabalho, pertence hoje ao PTB, como antes pertencera ao PDT. Desfaçatez total! Até quando esses caciques e coronéis mandarão?
Quem é José Sarney para vetar a indicação de ministro? Ainda dita regras? Só no Brasil um presidente fraco, que precisa ficar bem com todos, acataria essa sandice. Por que Temer não aproveita e reduz o número de ministérios para dez? Sofreria menos pressão. O indicado vetado cometeu um pecado mortal, ou seja, é contra o clã dos Sarney, no Maranhão, um estado miserável graças a esta família e sua política coronelista. Esse clã é uma “sarna” ainda a ser erradicada.
A sociedade ficou perplexa com a capacidade e o poder que Sarney ainda exerce na política brasileira. Articulador civil do golpe militar, logo, apoiou (talvez até ainda apoie) o regime de exceção, navega agora nas águas da democracia com a mesma desenvoltura que tinha com os generais. Presidente da Arena, do PDS e etc., não sofre qualquer tipo de restrição ou constrangimento do mundo político. Uma vergonha! É mesmo de chorar!
No lugar da deputada, agora ministra, na Câmara dos Deputados, assume sua vaga o suplente Nelson Nahim. Quem é ele? Fácil, irmão de Garotinho, condenado e preso por exploração sexual de menores num dos maiores escândalos de nossa cidade. Cumpriu quatro meses e saiu por habeas corpus. Vergonha! Deveria estar encarcerado, mas vira deputado.
Certamente o presidente Temer não vai ter problema em reformar seu Ministério, porque os que já estão na mira da Lava-Jato vão largar os cargos para tentarem se
eleger e ficarem protegidos pelo STF. Mas ficar submisso a Sarney para indicar novos ministros e nomeá-los mostram claramente que o governo continua
um grande balcão de negócios.
Dando o pontapé inicial, o Sr. Marcos Palmeira (também denunciado na Lava-Jato) entrega seu pedido de exoneração do Ministério da Indústria, pois vai tratar da
candidatura à reeleição — leia-se assegurar a manutenção de seu foro privilegiado.
E a ética? Eis o retrato do Brasil atual: oligárquico desde as capitanias hereditárias, onde o individual prevalece sobre o coletivo. Do prometido “Ministério
dos Notáveis” se desenhou uma mixórdia, uma involução. Resta a esperança nas eleições.
Muda o ano e o Brasil continua refém da política nefasta que nos assola há décadas. De onde vem este gene maldito? Herança dos portugueses, dos índios? Não sei responder, assunto para os antropólogos.

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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