19 de abril de 2024
Editorial

Era "pule de dez"

Foto: Arquivo Google – conexaopolitica.com.br

Seria normal que malfeitores de alto calibre ficassem angustiados, apreensivos e aflitos quando seus feitos, digo, malfeitos fossem postos sob a lente dos juízes da mais Alta Corte do país. Mas vivemos tempos muito estranhos — e angustiados, apreensivos e aflitos ficam os cidadãos de bem quando a decisão cabe à Segunda Turma do STF, porque nela estão presentes os ministros Gilmar Mendes, Dias Tofolli e Ricardo Lewandowski. Inútil torcer pela Justiça. O placar já é conhecido.
A decisão desta Turma, impedindo o juiz Sergio Moro de utilizar provas já produzidas contra o ex-presidente Lula, é mais uma demonstração de que, se depender de alguns julgadores da referida turma, muito em breve o time do colarinho branco conseguirá sepultar a Operação Lava-Jato, denegrindo mais ainda a imagem da nossa alta Corte de Justiça.
Enquanto dignos procuradores e alguns juízes de primeira e segunda instância lutam para limpar a nossa política, retirando os corruptos, há ministros da Suprema Corte que atuam como verdadeiros advogados de defesa, procrastinando ao máximo os processos e procurando brechas na lei para livrar seus apadrinhados. O povo está indignado, mas está nas mãos desses maus brasileiros, colocados nessa posição pelos antigos mandatários, que hoje são réus. A quem apelar?
Deixa ver se eu entendi direito: o dono da construtora Odebrecht, Marcelo Odebrecht, disse ao juiz da Lava-Jato que deu propina ao ex-presidente Lula para reformar o seu sítio de Atibaia; que deu dinheiro para a compra do terreno que seria a sede do Instituto Lula; disse, ainda, que o ex-presidente Lula tinha uma conta no departamento de propina de sua empresa, e agora os “juízes” do STF retiram essa ação do juiz Sergio Moro dizendo que isso nada tem a ver com a Lava-Jato? Como assim? A sociedade pede explicações urgentes do STF.
Não é segredo para ninguém que muitas foram as tentativas de frear ou enfraquecer o ímpeto devastador da Operação Lava-Jato desde a sua implantação, mas nenhuma com tanto poder como essa partindo do STF nas pessoas deste trio maligno. Só para dizer o mínimo!
Ao ouvir a notícia de que três ministros do Supremo haviam sido favoráveis à retirada da ação sobre o sítio de Atibaia da jurisdição de Sergio Moro, nem precisei ouvir os nomes para saber quem foram eles: Toffoli, Lewandowski e Gilmar. Qual a dúvida? É o que no turfe se chama pule de dez.

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *