Recebemos um comentário sobre a coluna da semana passada, que apresentava as garrafas moldadas em papelão reciclado. Sugeria a origem do revestimento plástico, interno, usado nelas:
“Deve ser a mesma tecnologia usada para fazer tanques de combustível descartáveis na Segunda Guerra. Se não estraga a gasolina, não estraga o vinho”.
Comparar gasolina com vinho é bem fora do comum, mas há um pouco de lógica por trás deste fato. Do ponto de vista técnico é exatamente a mesma ideia. Apenas o material plástico é de outra qualidade.
Curiosamente, quem primeiro imaginou que poderia criar uma embalagem plástica para vinhos foi o australiano Tom Angove, em 1960. Associou dois fatos:
1 – As antigas bolsas de vinhos feitas a partir da pele de cabras. Eram bem flexíveis e práticas;
2 – Notou que a solução ácida, usada em baterias automotivas, era embalada em um saco plástico metálico, acondicionado dentro de uma caixa de papelão. (continuamos com comparações estranhas…)
Adaptou estas duas coisas e surgiram os vinhos em caixas de papelão. As primeiras versões eram fechadas com uma tarraxa simples. A torneirinha só surgiria por volta de 1967.
Austrália e Nova Zelândia foram os primeiros a adotar os Bag-in-Box (BIB), embalando quase 50% de sua produção nestas caixas (anos 80 e 90).
Conseguiram triplicar o consumo per capita. Devemos levar em conta o estilo de vida destes dois países, que privilegiam a vida ao ar livre, praia, piqueniques, churrascos, pescarias etc. O BIB se tornaria o companheiro perfeito: fácil de guardar, transportar, gelar e com uma grande vantagem, o vinho durava 30 dias, pelo menos.
Os produtores ingleses foram os próximos a adotar estas práticas embalagens. Justiça seja feita, eles criaram o termo “Bag-in-Box”. Mas em vez de usar o padrão australiano de 2 litros de bons vinhos, prefiram caixas maiores e os vinhos eram de qualidade duvidosa. Mesmo assim, conseguiram alavancar as vendas e o consumo.
O resto do mundo foi sendo conquistado pouco a pouco. Nos países nórdicos 50% dos vinhos são vendidos nesta embalagem.
A França era um dos últimos baluartes. Ninguém imaginaria que fossem mexer no binômio qualidade e tradição: vinho é assim – garrafa de vidro e rolha de cortiça.
Não mais…
Sem dúvida é uma grata surpresa, mas alguns distribuidores franceses passaram a “encaixotar” grandes vinhos.
E por que não?
Um dos principais nome é a BiBoViNo, escrito desta forma alternando maiúsculas e minúsculas.
Tem um interessantíssimo portfólio e preços muito em conta. Vejam um exemplo, a seguir.
Côte-Rôtie, para quem não conhece, é o melhor terroir do Vale do Rhône. O preço está dentro do esperado para este tipo de vinho. Há diversas outras opções no site que atendem a todo tipo de bolso.
No Brasil já existem bons vinhos em caixa. Valduga, Miolo, Dal Pizzol, Aurora, são alguns dos grandes nomes que estão com seus produtos à venda em BIB.
Que tal dar uma chance para eles?
Saúde e bons vinhos!
Engenheiro, Sommelier, Barista e Queijeiro. Atualiza seus conhecimentos nos principais polos produtores do mundo. Organiza cursos, oficinas, palestras, cartas de vinho além de almoços ou jantares harmonizados.