De repente, descobrimos que coisas extraordinárias estão acontecendo aqui e nós nem nos dávamos conta disso!
Nosso presidente viajou para os países árabes e lá informou, com toda a fidedignidade que lhe é usual, que a Amazônia não pega fogo porque é úmida, claro, e que 90% dela PERMANECE EXATAMENTE COMO ERA quando do descobrimento do Brasil, intocada, virgem!!
Nossa previsão de crescimento para o ano que vem é maior do que a chinesa e todos os países estão se digladiando para ver quem terá a primazia de investir aqui, razão pela qual ele viajou para lá, porque somos amigos e “quem avisa, amigo é”!
Lula, nosso outro candidato à presidência também andou viajando, mas, pela Europa, onde foi recebido com “pompa e circunstância” por chefes de estado como o “desinteressado” presidente francês, Emanuel Macron que, aparentemente ainda o considera “o cara” – como o presidente dos Estados Unidos mudou, não é mais o Obama, acho que essa opinião não é mais compartilhada…
O ex-presidiário faz planos para quando for eleito presidente novamente.
E, temos que convir, pelo menos ele foi vivo o suficiente para tomar a vacina e sair passeando mundo afora, de forma que ninguém se recusou a recebê-lo porque estaria com medo de pegar a Covid!
Assim, agora sabedores de que estamos muito bem na fita – afinal, aqui só morreram mais de 610 mil pessoas durante a gripezinha que um bando de ignorantes acreditava ser uma pandemia – nós, brasileiros, devemos estar felizes e orgulhosos por contarmos com esses baluartes ao patriotismo, tão aguerridos e preocupados com nosso bem-estar!
Mais do que isso, devemos convir, somos mesmo um Zé povinho, tacanho e ignorante que não dá o devido valor a tão dignos representantes do mais legítimo espírito público.
Deveríamos nos ajoelhar a seus pés e agradecer todos os dias que pessoas tão boas e desinteressadas se preocupem conosco!
Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a “falarem a mesma língua”, traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma… Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar… De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena – só não tenho a menor contemplação com a burrice!