12 de outubro de 2024
Colunistas Sylvia Belinky

Gostemos muito ou pouco: Anitta

Acabo de receber uma foto provocante da Anitta, com os seguintes dizeres: “Acaba de ser descoberto o que significa o fenômeno Anitta: é um ser híbrido, cruzamento de vagalume com camarão!”

Que imbecilidade, que tremendo preconceito contra essa moça que certamente não tem merda na cabeça como o camarão!

Vamos falar do que importa, do que está bombando, apesar da tristeza geral, do despeito que ela gera nas pessoas: sim, vamos falar dela, da Anitta.

Como li no noticiário – até o vetusto Estadão deu destaque a ela, figura de abertura com uma foto imensa de um de seus cadernos, o que não é pouca coisa!

Como também uso o Spotify, vi que ela está em destaque no mundo todo, primeiro lugar nas “paradas de sucesso” – que já não são chamadas assim como antigamente!

Anitta tem 29 anos e, como pude me informar em uma das matérias a respeito dela, é filha de pais separados (esse pai que a abandonou certamente deverá voltar a “dar as caras”, para poder usufruir do muito que a filhota desprezada amealhou)…

Morava numa favela na zona norte do Rio de Janeiro, num quarto, cozinha e banheiro com a mãe que insistia para ela aprender inglês (incrível!) e essa moça colocou na cabeça que ia vencer na vida – e por conta própria.

Foi atrás, aprendeu inglês, espanhol, arranha um pouco de francês, de italiano, tratou de fazer dança e musculação, moldou seu corpo malhando duro e pôs a boca no mundo, literalmente!

Tomou as rédeas de sua carreira, procurou as pessoas certas, investiu em si mesma e em “coreografias” nada “virginais”, o que hoje não é necessário – já não era no tempo da Madonna, outra que investiu em si mesma e na própria carreira sendo… ”apelativa”.

Anitta está fazendo furor e a imprensa, a sociedade, as senhoras de bem, estão insultadas com isso: um crítico que a aceita é um profissional pouco seletivo, uma criança que vê essa criatura dançando tem pais irresponsáveis, a mulher que tenta imitá-la e gosta dela não merece privar comigo, da minha amizade…

Vou colocar claramente aqui: eu não gosto nem da Anitta e nem gostava da Madonna (que hoje não passa de uma vovozinha pudica perto desse novo expoente, dessa sua “rival”, se podemos colocar assim).

Mas nem por não curtir esse tipo de exibição eu acho que devo fazer de conta que ela não é admirável por sua força de vontade, por sua força interior e por assim dizer, por “adivinhar” exatamente o que o mundo quer hoje – e não se furtar a oferecer!

Dona de seu nariz, em nenhum momento eu a vi sendo grosseira ou mal educada com quem quer que seja, apenas deixa claro que absolutamente não está onde está por sorte ou bondade de alguém: ela ralou e muito!!

Assim, sou obrigada a concordar com a jornalista Claudia Assef, que resumiu tudo numa única frase: “Aceita que dói menos!”

Sylvia Marcia Belinky

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

2 Comentários

  • RACHEL ALKABES 8 de abril de 2022

    Sylvia eu tenho 73 anos, sou da geração da contracultura, li James Joyce, amava Sartre e mais ainda a Simone e vou te dizer: tiro o chapéu p Anitta sim!! Seu texto é fidedigno. Enquanto a Kim Kardashian ganhou dinheiro com nada, apenas divulgando uma trepada e é respeitada, nós, brasileiros hipócritas, torcemos o nariz para o gigantesco sucesso que ela fax. 1° lugar no Bilboard mundial não é fácil não. Muita luta, mas muita mesmo. Meninas boazinhas vão p o céu, as más vão à luta, título de livro antigo de Ute Ehrhardt. Achei o título adequado. Gostei do teu artigo. Falou tudo.

    • Sylvia Belinky 9 de abril de 2022

      Somos da mesma geração e do mesmo ano, Rachel Alkabes! Agradeço suas palavras e seu “depoimento”! Nunca queimei soutiens em praça pública nem acho que você o fez (teríamos que comprar outros…kkkkk), nem curti os filmes da “nouvelle vague” herméticos demais para mim…
      Da contra-cultura, disse você, mas sabíamos o que era cultura, líamos, éramos informadas!
      As redes sociais transformaram as pessoas em “prós” e “contras”, sem pensar muito no que isso significa…
      A Anitta é só o catalizador para um monte de gente sem noção, que foi à luta, venceu e é alvo da INVEJA da maioria: merece NOSSO IMENSO RESPEITO!
      Que bom que não estou sozinha!
      Um abraço,
      Sylvia Belinky

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