29 de abril de 2024
Colunistas Ricardo Noblat

Por ora, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, só atira para baixo

Culpa assessores pelo que lhe culpam.

Ex-Ministro da Justiça, Anderson Torres Igo Estrela/Metrópoles

Como não pode arriscar-se a se expor, nem por celular (já teve um apreendido) nem ao vivo, Bolsonaro manda emissários sondar o estado de ânimo de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e do tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordem.

Os dois estão presos. Isso só preocupa Bolsonaro se um deles, ou os dois, contar o que sabe sobre sua participação nos preparativos do golpe de 8/1. No dia do golpe que fracassou, Bolsonaro, Torres e Cid estavam nos Estados Unidos, observando tudo de longe.

Torres depôs pela segunda vez à Polícia Federal e atirou para baixo. Culpou assessores pelo que está sendo acusado. Minuta do golpe apreendida em sua casa? Foi uma secretária que lhe deu. Em depoimento, a secretária desmentiu Torres.

Planilha com a votação do primeiro turno da eleição passada e os lugares onde Lula derrotou Bolsonaro com folga? Foi ideia da delegada Marília Alencar, diretora de Inteligência do ministério. Ela diz que foi Torres que encomendou a planilha.

O uso da Polícia Rodoviária Federal para barrar o acesso dos eleitores de Lula aos locais de votação no segundo turno? Torres disse que a polícia tinha autonomia operacional e que seu chefe, o militar Silvinei Vasques, lhe disse que foi tudo “normal”.

Normal assim: levantamento do Ministério da Justiça mostra que a Polícia Rodoviária Federal, entre 28 e 30 de outubro, fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste, onde Lula era favorito, contra 571 no Sudeste, onde Bolsonaro ganharia com folga, como de fato ganhou.

Os passarinhos engaiolados estão nervosos. Uma hora cantarão.

Fonte: Blog do Noblat

Ricardo Noblat

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

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