Presidente dá sinais de que é isso o que pretende fazer.


Se o ex-presidente Bolsonaro compareceu a todas as solenidades militares que quis, até mesmo a formaturas de cadetes, por que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deveria fazê-lo?
Bolsonaro cultivou os militares movido pelo desejo ardente de se perpetuar no poder, e se não fosse possível, dar lugar a quem prosseguisse sua obra de restauração do regime autoritário de 64.
Por isso empregou mais de 7 mil militares no governo, brindou-os com uma reforma da Previdência Social particular e concedeu-lhes privilégios especiais. Politizou-os o mais que pôde.
A intenção de Lula é justamente oposta. Ele nunca foi uma ameaça à democracia, e não dá sinais de que será. Seu propósito é despolitizar os militares e manter boas relações com eles.
Isso não será possível se Lula e eles permanecerem distantes. Só alimentaria o ódio pela esquerda inoculado por Bolsonaro nos quarteis. De resto, o presidente é o Chefe das Forças Armadas.
A pacificação política do país passa também por um bom entendimento entre o presidente e os militares, seus subordinados. Interessa às duas partes. Não representa perigo ao país.
Fonte: Blog do Noblat


Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.