Há cerca de um ano, no dia 11 de abril de 2017, o Procurador da República Eduardo El Hage, membro da força-tarefa da Lava Jato no Rio garantiu: “Não é algo setorizado. O governo Cabral roubou dos cofres públicos em todas as áreas”. A afirmação foi dada logo após a Operação Fatura Exposta que prendeu o ex-Secretário de Saúde, Sérgio Côrtes.
Recordei desta frase ao ler a reportagem do Jornal “O Globo” com informações da delação do ex-operador financeiro de Cabral, Carlos Miranda, afirmando que José Mariano Beltrame, todo-poderoso Secretário de Segurança por mais de 10 anos, recebeu mesada de R$ 30 mil entre os anos de 2007 e 2014 como forma de propina. A se confirmar, com documentos e não apenas palavras ao vento, esta denúncia faria ruir a imagem de probo do Delegado Federal Beltrame e levaria a Lava Jato para dentro de mais uma secretaria de Cabral que chegou a ter o maior orçamento do Governo com quase R$ 5 bilhões por ano.
Em novembro de 2016, a Lava Jato prendia Sérgio Cabral e já arrebentava as portas das secretarias de Governo e Obras levando seus responsáveis para cadeia: Wilson Carlos e Hudson Braga. Em fevereiro de 2017, foi a vez da Secretaria de Transportes com o superfaturamento na Linha 4 do metrô. Dois meses depois chegou na Saúde. Já no dia 1º de junho desbaratou o esquema com o empresário Marco Antônio de Luca para contratos de alimentação em escolas e presídios. No mês seguinte, os empresários de ônibus foram presos e a Lava Jato atingiu o Departamento de Transportes Rodoviários de Cabral, o DETRO. Depois mostrou que a propina também vigorava no órgão que cuida das estradas estaduais, o DER. Por fim, chegou a prender o Secretário da Casa Civil de Cabral, Régis Firchner, e em março deste ano bateu na Secretaria de Administração Penitenciária.
As pastas com os maiores contratos foram atingidas. Não coloco a mão no fogo pelas que ainda estão ilesas, afinal muita água ainda vai passar por debaixo dessa ponte. De qualquer forma, está comprovado que, conforme dito pelo Procurador da República há um ano, a corrupção não era algo setorizado. O modus operandi do Governo Cabral era esse.
Vale lembrar que alguns participantes da “orgia” ainda não foram pegos por terem foro privilegiado. E em Brasília o ritmo é outro, como todos sabemos. Os que perderem os cargos políticos a partir de 1º de janeiro do ano que vem sabem que o risco de acordar pela manhã com a Polícia Federal na porta é real.
Fonte: Jornal Metro-RJ
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