Semana passada a imprensa esteve muito ocupada, às voltas com o casamento real. Uma pauta bem mais edificante, glamourosa e mais importante do que as nossas mazelas, evidentemente.
Por isso a canetada do ministro Marco Aurélio Mello – as frutas não caem longe da árvore – não ganharam repercussão ou relevância. Afinal, que mal tem em mandar soltar uma quadrilha de narcotraficantes internacionais, devolvendo ao mundo do crime 11 criaturas que merecem toda deferência, tempo e respeito da justiça?
Enquanto Mello soltava a quadrilha, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, comemorava a aprovação do projeto que cria Sistema Único de Segurança Pública. O projeto prevê a integração de informações de inteligência entre governo federal, DF e os 26 estados.
Mas o projeto tem um furo, infelizmente, fatal.
O tal projeto não estabelece integração dos propósitos com o Poder Judiciário, mais especificamente o Superior Tribunal Federal – STF, mais especificamente com os ministros Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandowski.
Enquanto Jungmann mantém esforços para tirar a criminalidade do convívio social, o STF faz questão de reintegrá-los, mesmo que um dos membros da quadrilha tenham condenações que somam quase 200 anos de cadeia.
Fica a pergunta: para que integrar os dados, criar sistemas de inteligência, aparelhar a polícia se, na outra ponta, com uma simples canetada, outro ministro joga por terra todo investimento, pessoal destacado e centenas de horas dedicadas a investigações e conclusões, uma vez que o STF não tem nenhum compromisso com a sociedade?
O compromisso deles é com a Lei, e como naquelas bandas cada um interpreta como quer, a justiça fica devendo, e muito, à sociedade.
Por favor, parem com a hipocrisia de Marielle, Presente! Isso é conversa para bovino adormecer. A polícia acabou de prender um dos maiores e mais importantes milicianos envolvido até as tampas com o tráfico. Se Mello dormir com a bunda descoberta, acorda e manda soltar o sujeito. Ponto, simples assim!
O fato é que o País deixou de ser governado pelos poderes Legislativo e Executivo, e foi parar nas mãos de um Judiciário podre, fragilizado, coalhado de interesses pessoais, vaidades e ambições. Ali tem de tudo, menos justiça.
O pior da história é que ninguém fala nada sobre isso. Imprensa se cala, Jungmann se cala, a banda menos ruim do STF se cala. Calam-se porque andam com segurança armada e carros blindados. Quem morre na roleta são inocentes de qualquer classe, cor, credo ou idade. Até quem ainda não nasceu é atingido, literalmente.
Jungmann, querido, você está enxugando gelo e enganando a galera. Volta 10 casas.