9 de outubro de 2024
Sergio Vaz

Adorável Vagabundo / Meet John Doe

De: Frank Capra, EUA, 1941

Nota: ★★★½
O cinema de Frank Capra é tão otimista, tão esperançoso, tão believer, de um humanismo tão amplo, tão positivo, tão generoso, que, ao rever Adorável Vagabundo/Meet John Doe agora, nestes nossos tempos tão sórdidos, desesperançados, desalentados, cheguei a achar, por alguns momentos, que o filme era ingênuo, bobinho, tolo. Naïf, como as pinturinhas.
Não é, não. O filme é lindo. Ruins, imprestáveis, horrorosos, pavorosos são estes tempos em que vivemos, que nos fazem confundir fé, crença, esperança com bobagem, tolice, ingenuidade.
Meet John Doe, na verdade, é também de um tempo tenebroso. Foi lançado em maio de 1941 – pouco tempo depois de os Estados Unidos saírem de sua hora mais negra, a Grande Depressão dos anos 30, e quando a Europa vivia exatamente a sua hora mais tenebrosa, com a Alemanha nazista dominando quase todo o Velho Continente.
Quando Meet John Doe foi lançado, o nazismo já havia botado suas patas horrendas sobre Checoslováquia, Polônia, Dinamarca, Noruega. Bélgica, Holanda, França – e os Estados Unidos da América ainda eram um país neutro, como se nada estivesse acontecendo. Só viriam a abandonar a neutralidade depois que o Japão atacou de surpresa a base de Pearl Harbour, no Havaí, destruindo vários navios de guerra e matando cerca de 2.500 americanos.
O biliardário do filme pretende ver o totalitarismo implantado nos EUA
Há em Meet John Doe uma frase que faz referência específica ao que estava acontecendo. Quem vê o filme hoje pode até não prestar muita atenção, mas o bilionário da história, o sujeito todo-poderoso, o representante do mal em si, D. B. Norton (mais um dos papéis do gorducho Edward Arnold como o grão-capitalista em filme de Capra), diz a seguinte frase:
– “What the American people need is an iron hand!”
O povo americano precisa é de uma mão de ferro.
Ao rever Meet John Doe agora, tanto tempo passado, fica claro demais: Francesco Rosario Capra – o imigrante italiano que tinha tanto talento que conseguiu transformar um estúdio menor, a Columbia, em um dos grandes de Hollywood, de tanto fazer sucessos de bilheteria, o primeiro cara a conquistar os 5 Oscars das categorias principais – estava falando, em seu filme de 1941, da ameaça do totalitarismo.
O biliardário D. B. Norton usa o John Doe do título e a jornalista que se julga muito esperta, Ann Mitchell – os papéis de Gary Cooper e Barbara Stanwyck – não apenas para aumentar o seu poder: ele pretende meter uma mão de ferro no país. Ele quer ver o totalitarismo implantado também nos United States of America.

Um filme extremamente ambicioso, que quer fazer vários estudos

Faço essa interpretação algumas horas após ter revisto o filme – e, repito, ao ver o filme, cheguei a ficar bastante zonzo, tonto.
Frank Capra fez muitos filmes metidos, presunçosos, que queriam dizer coisas extremamente complexas. Mas me pareceu agora que este Meet John Doe exagera no exagero da ambição de Capra.
São elementos demais que ele apresenta para o público. E é tudo muito complexo.
“Juan Nadie es, sobre todo, ambiciosa. Intenta ser dos películas a la vezs – uma triunfante y outra derrotista – y, como en gran parte del cine de Capra, los esfuerzos optimistas, a veces, estan forzados.”
É o que diz Donald C. Willis em seu livro Frank Capra, de 1974, que tenho na edição espanhola – e só essa frase do livro abre algumas janelas.
Sim: Meet John Doe na França é L’Homme de la Rue, em Portugal, Um João Ninguém e, na Espanha e países de língua espanhola, teve o título de Juan Nadie. Todos eles bons títulos, que têm tudo a ver com o original: John Doe corresponde exatamente a João da Silva, João Ninguém, João Nada, o homem da rua.
E, sim: é um filme sobretudo ambicioso.
Ambicioso demais. Quer fazer, em um único filme, diversos estudos de sociologia, antropologia, ciências sociais, política.
Ah, sim: e quer discorrer sobre jornalismo. Os diferentes tipos de jornalismo.

Uma máquina vai quebrando a frase que defende a liberdade de imprensa

O filme começa com um operário com uma máquina de quebrar concreto que vai arrancando uma a uma as letras esculpidas em pedra que dizem: “Uma imprensa livre significa um povo livre”.
Uau!
Sou atacado por uma vontade imensa de falar sobre o PT e sua eterna mania eterna de promover a “regulação da mídia” – mas deixa pra lá.
Frank Capra começa Meet John Doe mostrando uma espécie de placa de granito, com letras esculpidas na pedra, que diz: “The Bullitin – Est 1862 – A free press means a free people.”
(Interessante: o jornal fictício de Capra foi estabelecido, criado, em 1862 – apenas 13 anos antes da fundação do Estadão, O Estado de S. Paulo, established 1875, a base da empresa que possibilitou que eu pagasse minhas contas durante a maior parte da vida.)
Com a máquina de quebrar concreto, o sujeito vai apagando aquelas palavras que formam a frase “uma imprensa livre significa um povo livre”.
No lugar em que havia aquela placa em homenagem à imprensa livre, colocam uma nova placa: “The New Bullitin – Um jornal para uma nova era”.
Um grande empresário, um capitalista biliardário – D. B. Norton, ficaremos sabendo em breve – havia comprado o velho jornal.
O Bullitin – o espectador compreende de cara – era um jornal sério. O New Bullitin será um jornal sensacionalista.
Tomadas com um tom cômico mostram que o novo editor-chefe do jornal, Henry Connell (James Gleason), um pau-mandado de D. B. Norton, está demitindo dezenas de profissionais.
Veteranos profissionais aceitam sem murmurar uma palavra a notícia de que estão desempregados. Uma jovem colunista, Ann Mitchell – o papel da maravilhosa Barbara Stanwyck –, no entanto, protesta. Vai à sala do novo editor, diz que aceita ter seu salário cortado, que faz o que o editor mandar ela fazer, mas não pode ser demitida, ela é que paga as contas da casa, tem duas irmãs mais novas que ainda não trabalham.
Cornell não dá ouvidos às súplicas da moça. Só ordena que ela entregue logo sua última coluna, e depois dê o fora.

Na sua última coluna, a jovem jornalista inventa o João Ninguém

Abalada, chocada, enfurecida, Ann tem um ideia.
Cornell, o novo editor, havia dito que agora o jornal iria vender mais? Mudaria o tom, viraria sensacionalista?
Pois então ela resolve fazer sensacionalismo na sua última coluna.
Inventa que recebeu de um sujeito que se assinava John Doe uma carta, que passava a transcrever. Na carta, John Doe reclamava que estava sem emprego, protestava contra as injustiças todas do mundo, e anunciava que, no dia de Natal, em protesto contra o estado de coisas reinante, iria se matar pulando do último andar do prédio da prefeitura.
A coluna de Ann provoca um rebuliço fantástico, imenso, jupiteriano. Uma comoção ampla, geral e irrestrita. O prefeito recebe milhares de telefonemas de leitores indignados. Os assessores do governador dizem que é um ataque do biliardário D. B. Norton à administração dele.
Dezenas de homens pobres, maltrapilhos, destituídos, os deserdados do Sonho Americano, aglomeram-se às portas da redação do New Bullitin, cada um deles dizendo que é o John Doe que escreveu a carta.
O jornal concorrente diz que aquilo tudo é falso, é invenção, não existe John Doe algum.
O editor Cornell põe todo mundo na redação à procura de Ann Mitchell.
Ela surge na sala dele para dizer que a carta não existe, não existe John Doe – e ela tem na bolsa um documento de próprio punho atestando tudo isso. Mas que não divulgará o documento caso Cornell a readmita e pague mil dólares a título de bônus.
E dá a Cornell a ideia de escolher um daqueles miseráveis ali e transformá-lo em John Doe, podendo assim desmentir o jornal concorrente – e ter matérias diárias, até o Natal, sobre John Doe, sua história de vida.
Cornell não é bobo – e topa o plano de Ann.
O desfile de destituídos pela sala do editor-chefe do jornal, para que ele e a esperta Ann Mitchell escolham quem será transformado no John Doe autor da carta, é uma sequência primorosa, preciosa, antológica. Frank Capra puro, na veia.
Quando um sujeito chamado John Willoughby entra na sala – um sujeito altão e belo como um deus grego, já que vem na pele de Gary Cooper –, Ann, o editor Cornell e o espectador não têm dúvida nenhuma de que o homem que o jornal procurava foi encontrado.

O discurso que Ann escreve é o Evangelho Segundo Frank Capra

John Willoughby, Long John para os amigos, é o homem comum, o americano médio, típico. Tem o coração gigantesco, bom caráter, bons sentimentos – mas é bastante ingênuo, e não conhece nada de malícia, maldade, esquema, sacanagem.
As “reportagens” de Ann sobre John Doe, enfeitadas com fotos de Long John, fazem furor na cidade, no Estado inteiro. Ele protesta “contra o colapso da decência no mundo”, “contra os políticos corruptos”, “contra a corrupção do Estado”, “contra os hospitais que fecham as portas aos necessitados”.
O biliardário D. B. Norton percebe logo o potencial daquilo – da esperteza de Ann Mitchell e da atração que John Doe exerce sobre seus semelhantes, os homens e mulheres comuns. Tira Cornell do meio, e exige que Ann passe a falar diretamente com ele. Programam um discurso de John Doe a ser transmitido por uma rádio pertencente ao próprio Norton, mas aberto para todas as emissoras que quiserem participar.
Ann se enrola na hora de escrever o discurso. Fica sem ideia, sem inspiração. Sua mãe – interpretada por outra atriz sempre presente nos filmes de Capra, a simpática Spring Byington – aparece na hora certa e com as sugestões certas. Diz a Ann que o discurso não deve falar de política:
– “Há tantos discursos reclamando da política… As pessoas estão cansadas de ouvir sobre desgraça, desespero. Elas gostariam de ouvir algo simples e verdadeiro, algo que desse esperança.”
Algo como seu marido, o falecido pai de Ann, costumava escrever no seu diário – e então a senhora Mitchell oferece a ela o diário.
Ann transcreve algumas das palavras do pai no discurso que John Doe fará no rádio.
As palavras do falecido pai são a essência do pensamento de Frank Capra, o Evangelho Segundo Capra: amem uns aos outros. Ame seu vizinho como a si mesmo. Seja solidário, ajude os outros, que quando você precisar de ajuda você terá. Estamos no mundo para nos amar, e não para competir uns com os outros. A solidariedade é um dos maiores valores que podem haver. Dinheiro não compra o amor, os bens materiais não valem nada, o que vale é a amizade. A felicidade é para todos os que amam, ajudam, são solidários.

Nos filmes de Capra, os pecadores sempre têm a chance de se redimir

Há um problema grave em Meet John Doe: essa personagem Ann Mitchell é a incoerência ambulante.
A mulher que escreve os belos textos, o Evangelho Segundo Capra, os sermões que o apóstolo John Doe lerá para o mundo… está fazendo tudo isso por dinheiro! E está servindo ao grão-capitalista, o retrato do mal em si!
É claro que, na hora do pega-pra-capar, na hora H, na hora de escolher a quem servir – pois não dá para servir a dois senhores, não dá para servir a Deus e ao diabo –, ela escolherá o lado certo. Afinal de contas, ela é a heroína da história, junto com o belo, puro, inocente Long John Willoughby.
Mas que, durante uns 115 dos 122 minutos de duração do filme, Ann serve ao diabo, lá isso é verdade.
Isso, no entanto, não é raro na obra desse que é o cineasta mais believer, mais esperançoso da história do cinema. Nos filmes de Capra, assim como na Bíblia, os pecadores sempre têm a chance de se redimir. Os maus têm a oportunidade de mudar, de abandonar o mal.
Em Meet John Doe, até o editor Henry Connell, o homem que chegou no jornal demitindo meio mundo e parecendo ter imenso prazer nisso, o cara que jogou fora décadas de jornalismo sério e transformou o Bullitin num pasquim sensacionalista, tem sua chance de redenção.
E se redime, numa sequência linda e ao mesmo tempo quase patética, em que enche a cara de uísque para ter a coragem de contar um monte de verdades para o inocente Long John.
“Meet John Doe é ao mesmo tempo o ponto culminante e a pedra no caminho do discurso ideológico de Capra”, define o crítico e estudioso francês Michel Cieutat no seu livro Frank Capra, Editions Rivages, 1988. “Liberado de seu contrato com a Columbia, tendo criado com Robert Riskin sua própria produtora, nosso cineasta queria fazer um filme ambicioso. A Europa estava em guerra. O perigo do fascismo era sentido na América. Hollywood já havia feito vários filmes denunciando os riscos da tomada do poder na América, como Washington Masquerade e Washington Merry-Go-Round em 1933 ou The President Vanishes em 1934. Capra e Riskin se impuseram o dever de fazer o melhor filme nesse registro, sem no entanto abandonar o tipo de dramaturgia que até então tinha dado a eles diversos sucessos.”
O livro de Michel Cieutat relata que, quando as filmagens começaram, Robert Riskin ainda não tinha terminado de escrever o roteiro. Gary Cooper havia aceitado o papel por confiar em Capra – os dois haviam feito juntos O Galante Mr. Deeds/Mr. Deeds Goes to Town, de 1936, e o filme tinha sido um grande sucesso.
“Ao final das filmagens, Capra não sabia ainda como terminar sua história. É necessário lembrar que ele filmou quatro fins diferentes, todos insatisfatórios para ele, que testou simultaneamente com diferentes públicos. Depois ele recebeu uma carta de um admirador, que o aconselhou (a fazer um outro fim diferente, um quinto final, que acabou sendo o escolhido).”

Estranhamente, Barbara Stanwyck não foi a primeira opção para o papel

Segundo o IMDb, a primeira opção de Capra para interpretar Ann Mitchell era Ann Sheridan. A Warner, que faria a distribuição do filme, vetou a atriz. Ainda segundo o IMDb, o papel chegou a ser oferecido a Ann Sheridan, que não aceitou.
Acho isso estranho, porque Barbara Stanwyck parece a atriz ideal para o papel. Era tão bela quanto talentosa, acostumada a interpretar mulheres fortes, poderosas, porretas. E já havia trabalhado com Capra em A Mulher Miraculosa/The Miracle Woman (1931) e O Último Chá do General Yen (1932). Nesse filme, a maravilhosa atriz interpreta um papel estranho, esquisito – e ousado: ela faz Megan, uma jovem americana noiva de um missionário religioso na China que se apaixona por um senhor da guerra chinês, um assassino cruel, que a manterá subjugada num cativeiro de luxo.
Naquele mesmo ano de 1941, Gary Cooper e Barbara Stanwyck estrelaram um filme que não poderia ser mais diferente deste drama político-social pesado, denso, complexo: em Bola de Fogo/Ball of Fire, uma deliciosa comédia de Howard Hawks, Cooper interpreta um circunspecto, compenetrado linguista, que está – juntamente com um grupo de cientistas, todos bem velhinhos – trancafiado numa grande casa em Nova York escrevendo os verbetes de uma enciclopédia. Por algum motivo qualquer, vai parar na casa dos cientistas uma safadíssima dançarina de boate, amante de um gângster – um papel perfeito para Barbara Stanwyck brilhar, e, de quebra, mostrar as pernas maravilhosas.

“Capra queria advertir os americanos sobre as poderosas influências fascistas”

Leonard Maltin deu ao filme 3 estrelas em 4: “Longo mas interessante comentário social, com o ingênuo Cooper empregado para encabeçar um movimento nacional de boa vontade que beneficiaria o corrupto Arnold. O idealismo palavroso não consegue enterrar boas caracterizações; há os usuais toques de Capra exaltando o populismo.”
Maltin usou mal, com toda certeza, a palavra populismo. O que os usuais toques de Capra exaltam é o humanismo, os bons sentimentos, a solidariedade.
Pauline Kael, na tradução de Sérgio Augusto para a edição brasileira do livro 1001 Noites no Cinema:
“Filme estranho, de preocupação social, dirigido por Frank Capra, com Gary Cooper e Barbara Stanwyck, sobre um sujeito que tenta suicidar-se a fim de chamar a atenção para uma conspiração de direita. Para dar um happy end que mantivesse Gary Cooper vivo, as intenções foram tão distorcidas que os autores originais entraram com um processo. O filme começa da maneira confiante de Capra, mas com um tom mais sombrio; no fim, nos sentimos confusos e tapeados.”
Não vi em nenhum outro lugar menção a um processo judicial movido pelos autores da história original. E todo mundo tem direito à sua opinião – mas dame Pauline Kael é sobretudo uma chata.
O CineBooks’ Motion Picture Guide deu 5 estrelas em 5: “Sentimental, otimista, moralista, com uma mensagem para o bem do hom em comum, Meet John Doe é outro filme de boa vontade de Frank Capra soberbo em cada nível, embora seu final pareça esquisito.“
O Cinebooks’ faz uma sinopse da história bastante longa e detalhada. Depois, sintetiza que o filme é uma “obra-prima brilhante”. Diz que “o final de Meet John Doe tem sido acusado por alguns críticos de ter sido alinhavado para fornecer um final feliz”, e acrescenta que, de fato, Capra mexeu na sequência final – para não fazer um absoluto spoiler, pulo os detalhes que o guia dá, e passo para o final do raciocínio sobre o fim do filme: “Foi uma pequena concessão numa obra-prima brilhante.”
O guia faz elogios superlativos às atuações de Gary Cooper, Barbara Stanwyck, Edward Arnold e aos diversos “maravilhosos atores, o sustentáculo de qualquer produção de Capra: James Gleason, Walter Brennan, Regis Toomey, Ann Doran, J. Farrell MacDonald, Rod La Rocque, Spring Byington, Gene Lockhart e Holloway”.
E prossegue: “Capra queria advertir os americanos sobre as poderosas influências fascistas, e o fez poderosamente. (…) Juntamente com Mr. Smith Goes to Washington (1936) e It’s a Wonderful Life (1946), este filme personifica os princípios democráticos de Capra.”
O longo texto do Cinebooks não pára de dar informações. Ele transcreve uma frase de Barbara Stanwyck que está na biografia dela, Stanwyck, escrita por Jane Ellen Wayne:
“Não existe ninguém como Frank Capra. É uma alegria vê-lo trabalhar. A gente faz outros filmes para viver, mas a gente vive para fazer um filme de Capra.”
Uau! Que maravilha!
E, finalmente, o guia resume de maneira perfeita uma informação que aparece de forma confusa no IMDb: embora o filme tenha rendido à Frank Capra Productions US$ 900 mil, no lançamento inicial, os proprietários, ele mesmo e o roteirista Robert Riskin, tiveram que pagar uma quantia tão colossal de impostos que resolveram fechar a empresa poucos meses depois.
Fantástico, delicioso: o cineasta que defendia a democracia com vigor, maestria, talento, mas pregava um capitalismo mais social, mais humano, mais solidário, não se deu nada bem como empresário.
Definitivamente, Frank Capra não dava pra essa coisa de ser patrão. O negócio dele era fazer belos filmes defendendo os John Does, os Zé Ninguéns, o Zé Povinho.

Anotação em maio de 2018

Adorável Vagabundo/Meet John Doe
De Frank Capra, EUA, 1941
Com Gary Cooper (Long John Willoughby), Barbara Stanwyck (Ann Mitchell)
e Edward Arnold (D.B. Norton), Walter Brennan (o Coronel), James Gleason (Henry Connell), Spring Byington (Mrs. Mitchell), Gene Lockhart (o prefeito Lovett), Rod La Rocque (Ted Sheldon), Irving Bacon (Beany), Regis Toomey (Bert Hansen). Warren Hymer (Angelface), Aldrich Bowker (Pop Dwyer), Ann Doran (Mrs. Hansen), Sterling Holloway (Dan). Madge Crane (Mrs. Brewster), J. Farrell MacDonald (Sourpuss Smithers), Pat Flaherty (Mike), Carlotta Jelm e Tina Thayer (as irmãs de Ann)
Roteiro Robert Riskin
Baseado na história “The Life and Death of John Doe”, de Robert Presnell e Richard Connell
Fotografia George Barnes
Música Dimitri Tiomkin
Montagem Daniel Mandell
Figurinos Natalie Visart
Produção Frank Capra.
P&B, 122 min (2h02)
R, ***1/2
Título na França: L’Homme de la Rue. Na Espanha, Juan Nadie. Em Portugal, Um João Ninguém.

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