Em sua primeira semana como titular, o presidente Michel Temer venceu em diversas frentes: no plano externo, na Suprema Corte e no Senado. Mas continua encalacrado com a rejeição que inspira. E para enfrentá-la sua equipe comete o mesmo erro fatal da deposta ex: abusa da soberba.
Erra, especialmente, ao desprezar as ruas.
Ao diminuir o tamanho e a importância das manifestações, Temer sinalizou com o desrespeito ao contraditório, premissa básica da democracia, tão surrada nos últimos 13 anos.
Os movimentos contra Temer estão aí, vivos. Melhor do que minimizá-los ou rechaçá-los, seria buscar entendê-los.
Não basta achar que tudo se resolverá com a melhora da economia, até porque os nós da crise são dificílimos de desatar. Vai melhorar, mas vai ser lento, vai demorar.
E quem clama por Fora Tudo só tem nas mãos a moeda da impaciência.
Antes mesmo do impeachment, as pesquisas de opinião já demonstravam a insatisfação geral: ao majoritário Fora Dilma juntavam-se os Fora Cunha, Fora Corruptos e tantos outros. Agora, somam-se outros desiludidos, e os atiçados pela descarada defesa que o PT passou a fazer por diretas-já, algo que o partido repudiara formalmente dias antes da cassação da ex.
Diretas-já é um apelo charmoso. Fez a união em 1984. Na época, a luta era contra a ditadura militar que impedia o voto para presidente havia duas décadas. Hoje, o slogan é uma mentira: o país vive em plenitude constitucional e realiza eleições diretas desde 1989.
Eleições-já. Que eleições? Para presidente? Para governadores? Deputados? Senadores? A partir de que regras? Com qual Constituição? Perguntas que, por óbvio, os neodiretistas não pretendem responder.
Pouco importa. Para o PT, diretas-já é a salvação. Substitui o esfarrapado discurso de golpe, que só alimentava a sua própria torcida, por um futuro, um sonho. Sabem que é balela – Rui Falcão, presidente da legenda, disse com todas as letras que a antecipação das eleições é inviável. Mas e daí? É conveniente, e pronto.
Nada como a conveniência.
Depois de ser impedido de comprar votos pelo esquema do mensalão, o PT rendeu-se ao PMDB, partido que desde sempre esteve atrelado ao governo e de lá nunca teve nem tem qualquer intenção de sair.
Quando o então presidente Lula imaginou Dilma para sucedê-lo, a empreitada seria absolutamente impossível não fosse o apoio determinado e unânime – algo nada fácil de dentro da federação peemedebista – do partido de José Sarney, Renan Calheiros, Eduardo Cunha e tantos outros. Precisava-se desesperadamente do partido presidido por Michel Temer. Melhor: poderiam ter o próprio Michel Temer.
Temer foi um achado raro. Tão bom quanto o pefelista Marco Maciel, que por duas vezes compôs chapa com o tucano Fernando Henrique Cardoso, ou José de Alencar, que avalizou Lula junto a parte do empresariado.
Elogiada por Lula, Dilma e pelo PT, a chapa Dilma-Temer venceu em 2010 e 2014. Agora, Temer é taxado de ilegítimo pelos mesmos que se derretiam em loas.
Nesta primeira semana, Temer foi bem recebido na China, obteve aprovação de países da Europa, dos Estados Unidos, viu o STF derrubar a liminar de anulação do impeachment pretendida pela defesa de Dilma. Mais: conseguiu aprovar no Senado duas Medidas Provisórias essenciais – a que reduziu o número de Ministérios de 32 para 26 e a que cria o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).
Tem batalhas duríssimas pela frente. Seria melhor ele e sua equipe substituírem por sandálias o salto que por anos esteve em voga no Planalto.
Jornalista, mineira de Belo Horizonte, ex-Rádio Itatiaia, Rádio Inconfidência, sucursais de O Globo e O Estado de S. Paulo em Brasília, Agência Estado em São Paulo. Foi assessora de Imprensa do governador Mario Covas durante toda a sua gestão, de 1995 a 2001. Assina há mais de 10 anos coluna política semanal no Blog do Noblat.
Jornalista, mineira de Belo Horizonte, ex-Rádio Itatiaia, Rádio Inconfidência, sucursais de O Globo e O Estado de S. Paulo em Brasília, Agência Estado em São Paulo. Foi assessora de Imprensa do governador Mario Covas durante toda a sua gestão, de 1995 a 2001. Assina há mais de 10 anos coluna política semanal no Blog do Noblat.
Usamos cookies em nosso site para oferecer a você a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e visitas repetidas. Ao clicar em “Aceitar tudo”, você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você pode visitar "Configurações de cookies" para fornecer um consentimento controlado.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.