25 de abril de 2024
Ligia Cruz

Ceará, fogo amigo?

Imagem: Arquivo Google – Folha – Uol

Camilo Santana, governador do Ceará, passou razoavelmente pela entrevista da Globonews, diante do grupo de comentaristas do jornal das 22h00. A pauta foi a série de atentados que vem ocorrendo na capital Fortaleza. Se tivesse alguma sequela seria por fogo amigo. Uma aura de conforto prevaleceu durante toda a entrevista.
Claro que a grande maioria do seu eleitorado de Santana não viu. Não existe TV fechada nas cidades mais carentes do estado, muito menos no sertão.
Mesmo com o índice de aceitação acima de 80%, há brechas que não foram preenchidas.
No seu primeiro mandato Santana subestimou o poder paralelo do crime organizado no seu estado. Teve que encará-lo de frente nos primeiros dias de 2019.
Atentados em série em Fortaleza fizeram com que o governador pedisse ajuda das forças nacionais para combater as facções criminosas. Um contingente foi mandado para lá e no domingo 13 de janeiro, Santana sancionou medidas para combater esse tipo de crime. Tardiamente.
Na verdade, Santana ignorou ou a capacidade de as facções organizarem ataques orquestrados de dentro das cadeias. O reflexo disso têm sido a gigantesca evasão de divisas para os setores de serviços como a hotelaria, bares e restaurantes, até o comércio informal, que se preparam para a alta temporada de verão todos os anos.
Com praias vazias e o visível baque no semblante, Santana sabe que o caixa do governo vai sangrar. Grupos da oposição afirmam que os ataques são à mando do PT e aliados; um recado à presidência da República que se elegeu com a bandeira da segurança pública e combate ao crime organizado.
Vale lembrar que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin passou por isso anos atrás. Muitos postos policiais foram atacados na capital paulista, uma demonstração de força da principal organização criminosa do estado.
No Ceará, tudo fica no plano da suspeição. O fato é que Jair Bolsonaro, Sérgio Moro e os generais estão sendo testados.
Quanto ao governador cearense, parece que a ficha dainda não caiu. Ele continua fazendo campanha. Nas perguntas mais cascudas, ele respondeu às indagações com uma fieira enorme dos êxitos da gestão anterior, motivos pelos quais foi reeleito, com 82% de aceitação. Mas não é bem assim.
Pelo sim, pelo não, o fato é que o governador petista está só e precisa de apoio da presidência da República, que não se furtará à responsabilidade de combater as facções e ramificações em qualquer estado do país, independentemente da legenda. Se tem armação ou não é o que menos importa.
E se é uma provocação, é bom saber que a inteligência das Forças Armadas está atuando e não é coisa para principiantes. Chumbo trocado não dói.

Ligia Maria Cruz

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.

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