Logo no começo do filmete que explodiu na mídia nesta semana, não me dei conta de que se tratava de uma festa e sequer que era no Brasil. O luxo e a luxúria me remeteram a Beverly Hills, o condado de Los Angeles onde vivem as estrelas de cinema e endinheirados de outros naipes.
Na realidade, era de fato uma festa com um quê cinematográfico, mas na mansão do José Ribamar de Araújo Costa, o José Sarney, na península dos ministros, em Brasília.
O anfitrião fez 94 anos com lucidez e disposição para aturar os salamaleques dos antigos adversários políticos e até desafetos, como Flávio Dino, também maranhense. O simpaticíssimo José Dirceu, o fleumático Rodrigo Pacheco, Arthur Lira, Fernando Haddad, Cristiano Zanin, Geraldo Alckimin, o Randolfe, a Gleisy e marido e tantos outros com as suas esposas risonhas desfrutando de acepipes requintados e os mais caros vinhos e uísques.
Todas as caras do atual cenário político brasileiro estiveram lá cumprimentando com honras o ex-presidente pela sua longevidade. Tudo harmoniosamente lindo e feliz. Supõe-se.
Lá no Maranhão, o estado mais pobre do Brasil, o povo não conhece essa realidade palaciana. Dos 6,7 milhões de habitantes, 8,4% vive na extrema pobreza, sem ter o que comer, onde morar, sem condições ideais de higiene, nem perspectiva de trabalho e renda. É uma realidade tão triste e gritante, mas que não afeta o José Ribamar, o dono do estado e responsável direto por toda essa conjuntura social.
O Maranhão é uma pérola da natureza, com tanta diversidade e beleza naturais, mas com homens mesquinhos perpetuando-se no poder, como os velhos coronéis e seus marimbondos de fogo.
Por tudo isso José Ribamar Sarney, meus pêsames pelo seu aniversário, já que “desparabéns” não existe. Você merece todos esses convivas ilibados em sua festa, reservas morais que te farão companhia lá no umbral algum dia. Dizem que lá não tem luxo, nem dinheiro, nem escravos.
Jornalista, editora e assessora de imprensa. Especializada em transporte, logística e administração de crises na comunicação.
