Os automóveis não são um dos símbolos da chamada sociedade de consumo por acaso. Comparativamente, levando em conta que um modelo novo representa um grande investimento de dinheiro para a imensa maioria das pessoas, o número de carros fabricados anualmente coloca essa indústria entre as mais produtivas – no sentido da quantidade. Por um lado isso implica na movimentação de uma das mais complexas cadeias de produção e serviços já criadas, envolvendo desde a empresa que extrai o minério usado na confecção das chapas de metal ao flanelinha até, hum, o rapaz que nos oferece balas e amendoins nos sinais de trânsito da vida (sem carros, eles não estariam ali, claro), com milhares de outras coisas entre esses dois extremos.
Por outro lado, a conta ambiental disso tudo não é pequena. Além da emissão de gases nocivos pelos motores a explosão – algo que já começa a ser contornado com a entrada mais firme de híbridos e elétricos no mercado – e dos diversos problemas ligados ao planejamento e ocupação urbanas, com tanto milhões de carros sendo produzidos todos os anos, o que fazer com os deixam as ruas? A fatura – ou, como dizem os indianos, o carma, dos veículos não é pequeno. Não por acaso, a reciclagem de automóveis estava entre as primeiras atividades desse tipo a se tornarem comuns no mundo. Aquela imagem de carcaças de carros abandonados à beira da estrada ou no meio de campos norte-americanos, que chegou a ser comum, hoje é uma exceção. Desmontar, revender ou reprocessar lataria e componentes automotivos é um excelente negócio. Mas, infelizmente, nem tudo o que há a bordo pode ser aproveitado e, especialmente partes e peças de plástico. Até aqui, grande parte delas não têm tido um bom aproveitamento. Daí a notícia de que grandes empresas estão investindo na produção de plástico automotivo sustentável ser ótima.
Uma delas é a norte-americana Eastman, criada pelo mesmo George que popularizou a fotografia com suas câmeras e filmes Kodak a partir do começo do século passado. Seu material automotivo é fabricado com bioplásticos (produzidos a partir de material de reflorestamento e biodegradável) e, também, com material sintético reciclado literalmente catado no lixo – em lugares como grandes aterros sanitários, onde estaria condenado a séculos de inutilidade. Esses produtos substituem o material 100% derivado de petróleo que tradicionalmente é usado na confecção de painéis e forrações dos carros, podendo ser tingido. Para isso, a empresa firmou uma parceria com a também americana NB Coatings, especialista em pintura – esse, aliás, era o assunto do release que recebi e que inspirou a fazer este post.
Painel de bioplástico | divulgação
Segundo seu fabricante, os componentes produzidos com essa tecnologia (acima) proporcionam qualidade e durabilidade equivalentes às do plástico tradicional.
Achei bacana. Cá entre nós, nada impede que até as carrocerias dos automóveis sejam fabricadas com esse tipo de material – afinal, há diversos carros assim por aí (abaixo o conceito Kiloscar, da Toyota, apresentado em 2011 e que tinha como proposta o uso de materiais recicláveis). Reduzindo o uso dos metais, será possível, também diminuir o impacto da mineração no meio ambiente. Mas isso já é assunto, quem sabe, para um outro post.
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