Saí de casa hoje achando que estava apenas cinzento mas a chuva me pegou ainda na saída. Recuei a tempo.
Há um forte ataque à Lava-Jato conduzido pelo procurador Augusto Aras. Ironicamente, o governo que se elegeu em nome da luta contra a corrupção quer enterrar a Lava Jato.
Aras é uma escolha de Bolsonaro, fora da lista tríplice. Ele quer concentrar todas as informações da Lava Jato porque sabe que isso amplia seu poder.
Numa palestra com advogados mencionou documentos que poderiam ter sido apreendidos legalmente. Mas não ofereceu provas, nenhuma indicação real.
A Lava Jato seria bombardeada por qualquer governo. Moro cometeu um erro ao se ligar a Bolsonaro.
Não conseguiu avançar na luta contra a corrupção e ainda enfraqueceu a Lava Jato, abrindo um flanco para que fosse vista como aliada de Bolsonaro.
Bolsonaro é um político convencional com problemas idênticos a muitos outros. A diferença que os outros se financiavam com empresas. Bolsonaro e seus filhos tinham quatro gabinetes para empregar parentes e se financiar.
Quando estourou o caso Queiroz tudo isso ficou claro. Nem aí, Moro conseguiu ver.
Amanhã tenho um debate no aniversário do Globo sobre cultura. Pretendo falar de cultura criativa e meu trabalho nas cidades brasileiras estimulando-as a estudar e explorar sua tradição cultural.
Mas por via das dúvidas estou consultando um calhamaço de 614 páginas, A Conveniência da Cultura de George Yudece.
De ontem para hoje, com uma boa incursão noturna li o livro de Patricia Campos Melo, A Máquina do Ódio. Trata de violência digital e fake news em alguns países do mundo. No mesmo sentido do livro Arquitetos do Caos, de Giuliano Da Empoli que comentei no artigo Algoritmos e cólera. Está disponível na página.
Patricia conta as agressões verbais que sofreu quando denunciou manipulação digital na campanha de Bolsonaro.
Menciono o livro dela num outro artigo sobre o tema, só que mais ameno. Nele falo sobre o livro Duelo no Serpentário, uma antologia do debate intelectual no Brasil de 1850 a 1950, coletânea organizada por Alexei Bueno e George Ermakoff.
Como eram de alto nível os debates de antigamente. Muitos eram chatos, reconheço. Mas eles passavam dias e noites, escrevendo sobre a luz de lamparinas. O objetivo era defender sua tese. Muitas ideias, de vez em quando uma ironia, raramente um insulto. Hoje são muitos insultos, de vez em quando uma ironia e raramente uma ideia.
Fonte: Blog do Gabeira