A prisão de Crivella foi ontem mas hoje já não se fala tanto no assunto. Parece que o Rio acostumou com a prisão de seus dirigentes, embora a de ontem, talvez, tenha encerrado uma longa fase.
O processo envolvendo o prefeito Crivella e seu operador Rafael Alves tem cerca de 250 páginas e provas abundantes, sobretudo baseadas na troca de mensagens dos dois.
Por baixo, fala-se que foram desviados R$50 milhões. Mas somente delatores e empresas já devolveram cerca de R$60 milhões.
A prisão de Crivella representa um desgaste para Jair Bolsonaro que o apoiou na campanha de 2020. Os filhos de Bolsonaro entraram nos Republicanos, o partido de Crivella no Rio.
Quando Bolsonaro decidiu apoiá-lo, Crivella já tinha vivido alguns escândalos e passou por dois processos de impeachment. Um deles é precisamente relacionado ao QG da Propina, base das prisões de ontem.
Crivella era um trunfo da Igreja Universal, pretendia seguir carreira política e alcançar cargos mais importantes ainda. Os planos que contavam com ele, terão de ser revistos.
Algumas coisas da cobertura de ontem, (estou de folga, mas trabalhei) me deixaram um pouco preocupado. Segundo o prefeito interino, Jorge Felipe, há 256 doentes esperando leitos para Covid-19 no Rio.
Ele não especificou quantos precisam de leitos apenas, quantos precisam UTI. É um pouco assustador tudo isso, porque a Secretária de Saúde tinha sido demitida. Há apenas um interino no cargo.
Não se falou mais no destino dos 256 doentes mas creio que precisariam de uma reunião de emergência e, em caso de superlotação, serem transferidos para outra cidade, Volta Redonda por exemplo.
Apesar do processo ter sido bem fundamentado e as prisões baseadas em fatos de obstrução de justiça, como entrega de telefones falsos, ou mesmo ameaças a testemunhas, houve muita dúvidas sobre a prisão preventiva.
Na manhã de hoje, graças a uma decisão do presidente do STJ, Humberto Martins, Crivella, que é do grupo de risco para Covid19, poderia ser liberado e ir para a casa, usando tornozeleira eletrônica. Acontece que a burocracia atrasou a saída.
Embora bem baseada, aqui para nós, achei a operação um pouco espetacular. Fiquei um pouco incomodado com os presos passando no meio de um batalhão de fotógrafos.
A imprensa precisa saber e cobrir, mas um pouco de organização ajuda não só a eficácia do trabalho, mas expressa um certo respeito pelos presos.
Da mesma forma, vi um grande comboio de carros policiais para levar o Crivella e alguns outros presos, como Mauro Macedo, que foi tesoureiro de sua campanha.
Na minha opinião, uma simples Kombi poderia levar todo mundo, sem problemas de segurança. Pessoas nessa idade, assustadas, muito conhecidas, sequer pensam em fugir. Além do mais, fugir para onde?
Uma notícia interessante ontem no Rio foi a de que camelôs em Madureira estavam vendendo uma vacina contra a Covid. Hoje a polícia foi acionada mas parece se tratar de fake news a foto de uma caixinha de fato com a inscrição vacina contra Covid.
Esperava-se para hoje o relatório sobre a segurança e eficácia da Coronavac, a primeira a entrar no Brasil, e possivelmente a primeira a ser aplicada. Ela já circula em alguns países árabes.
Infelizmente, a coletiva sobre a Coronavac não apresentou os resultados. A informação é de que a vacina atingiu o limiar de eficácia (50,60%) mas os chineses pediram a base de dados para estudos.
A vacinação continuou marcada para o dia 25 de janeiro,
Fonte: Blog do Gabeira