Um grande escândalo estoura nesse fim de semana, com a denúncia da revista Época revelando que a ABIN fez dois relatórios destinados a ajudar a defesa de Flávio Bolsonaro, com o objetivo de anular o processo contra o filho do presidente.
O tema foi tratado nos gabinetes oficiais e desde aquela época o general Augusto Heleno vem desmentindo o fato que agora veio à tona em detalhes. Os dois documentos foram produzidos por Alexandre Ramagem.
Este homem é o mesmo que Bolsonaro queria colocar no comando da Policia Federal e foi impedido por uma decisão do Ministro Alexandre de Moraes.
Aliás está com o mesmo Moraes o processo que trata da tentativa de Bolsonaro influenciar a PF para salvar a família e amigos. A tentativa resultou na demissão do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro.
Se houve alguma inteligência os fatos deveriam ser articulados. O processo contra Bolsonaro está adormecido há três meses. O Supremo deve julgar se ele vai depor presencialmente ou por escrito. Pode prestar um favor a ele, determinando que seja por escrito.
Mas, por outro lado, pode prestar um favor à sociedade obrigando a explicar os fatos agora bem claros.
Ele queria colocar Alexandre Ramagem na PF para defender sua família e acabou o utilizando com o mesmo propósito só que na ABIN onde era mais difícil ainda se intrometer na questão de Flávio.
Tudo parece tão evidente, inclusive as palavras naquela reunião de 22 de abril quando Bolsonaro revela suas intenções para todo o Ministério e diante das câmeras: queria proteger a família e amigos.
Interessante ver como o Congresso vai se comportar. Se os relatórios da ABIN forem disponibilizados era caso de iniciar um processo de impeachment.
Existem outros temas mais importantes como, por exemplo, a omissão na pandemia e processo de vacinação.
Mas o uso da ABIN como um instrumento particular além de ser ilegal, é algo típico dos governos autoritários. Eles podem usar o sistema nacional de inteligência para perseguir adversários mas, eventualmente, também para proteger a família.
As pessoas que acham que o estado é uma extensão de sua casa não podem governar, pelo menos numa república.
Fonte: Blog do Gabeira