O Supremo, numa votação apertada, acabou respeitando a Constituição.
Foi um fim de semana delirante. De repente, entrou na pauta uma discussão sobre algo estabelecido pela Constituição. Resolveram interpretar.
O STF lembrou-me o místico sueco Emanuel Swedenborg, que conheci através de um texto de Jorge Luis Borges.
Figura extraordinária, Swedenborg depois de muito estudar temas variados, teve uma inclinação mística e criou uma visão religiosa do mundo.
Céu e inferno eram muito bem descritos por ele, assim como uma tese de que os ignorantes não mereciam o reino dos céus porque teriam muita dificuldade de acompanhar as discussões.
Swedenborg tinha uma doutrina da correspondência. Tudo tinha mais de um sentido na Bíblia e caberia interpretar de forma sábia cada palavra. Luz por exemplo queria dizer verdade, cavalo inteligência pois nos transportava de um lugar para outro
Creio que o Supremo acordou com essa visão de Swedenborg e começou a rever a Constituição. Há dois artigos que protegem os índios. Mas seria isso mesmo? Há um artigo que prevê a liberdade de expressão. Como avaliá-lo corretamente?
Caímos na real e estamos diante de novas eleições no Senado e Câmara. Vai ser um Deus nos acuda na correria para formar as chapas. Mas, embora muita coisa ruim possa acontecer, é melhor assim.
O candidato do governo, Artur Lira, é uma figura que se envolveu em vários escândalos, inclusive o de rachadinha, técnica bastante conhecida aqui no Rio e que hoje é uma pedra no sapato de Flávio Bolsonaro e toda a família presidencial.
Existe um problema concreto: se começarem a denunciar todos os escândalos de Lira, ele se tornar favorito.
Falei com dois amigos na Inglaterra e no final das mensagens não esqueci de felicitá-los por estarem vivendo esse momento histórico: o início da vacinação.
O governador de São Paulo anunciou o processo de vacinação para 15 de janeiro, mas ainda sem combinar com a Anvisa. Não é bom provocar Bolsonaro porque ele tem poder, através de sua influência na direção da Anvisa, de, no mínimo, retardar o processo.
Concordo que haja um plano detalhado mas é preciso ter uma certa flexibilidade nos prazos. Dória promete que a vacinação poderá ser feita também para moradores de fora de São Paulo.
Claro que isso anima a quem não vive em São Paulo. Mas será justo? A prioridade tem de ficar bem clara, porque afinal a vacina foi comprada com dinheiro dos paulistas.
Dória deveria estar preocupado em ultimar o relatório sobre eficácia que consiste em analisar os que adoeceram após tomarem a vacina. Desses um número de doentes tomou o placebo, outro tomou a vacina real. A relação entre esses números indicará o nível de eficácia.
O Brasil , entenda-se aqui o General Pazuello, jogou todas as suas fichas na vacina da Oxford – Astrozeneca. De todas, talvez seja a mais atrasada porque tem de refazer os testes da fase 3.
Em termos de rapidez, a melhor aposta é da Pfizer e da Moderna. No caso da Pfizer há o problema de mantê-la a uma temperatura de menos 70 graus.
A empresa oferece embalagens de gelo seco capazes de segurar essa temperatura negativa por 15 dias.
Em outras palavras, a vacina da Pfizer é viável nas grandes cidades brasileiras onde também não seria difícil conseguir frigoríficos adequados.
Tudo depende do General que não acredita muito em isolamento social nem em vacinas. Só com muita pressão conseguiremos desatar esse nó.
Fonte: Blog do Gabeira