Amanhã começa fevereiro e o grande acontecimento são as eleições no Congresso. Segundo as estimativas da imprensa devem vencer os candidados alinhados com Bolsonaro: Rodrigo Pacheco no Senado e Arthur Lira na Câmara.
Na verdade, a mudança no Senado não é assim tão importante porque Davi Alcolumbre sempre teve muita proximidade com o governo. Inclusive, Bolsonaro apoiou a candidatura do irmão de Davi à prefeitura de Macapá. Foram derrotados ali tanto os presidentes do Senado e da República, castigados pelo apagão que paralisou o Amapá.
No Senado, a oposição apoia o candidato bolsonarista. Na Câmara, apenas uma parte dela vota em Arthur Lira. Este é um aliado importante de Bolsonaro. Aceita tudo porque seu objetivo principal, como o de todos os outros do Centrão, resume-se a cargos e verbas.
Quando Bolsonaro se elegeu, tanto o Congresso como o STF eram vistos como uma espécie de contrapeso aos propósitos autoritários do presidente.
Rodrigo Maia foi uma espécie de opositor em alguns temas. Votou a favor quando se tratavam de reformas, segurou a pauta conservadora nos costumes mas, principalmente, manteve na gaveta a meia centena de pedidos de impeachment.
Dependendo do que receber em troca, Lira deve trazer a pauta retórgrada de costumes, fazer corpo mole com as reformas e, sobretudo, sentar pesadamente sobre todos os pedidos de impeachment.
Esta eleição custou caro ao governo, o que significa ter custado caro ao contribuinte. Estimam-se em R$3,4 bilhões os recursos liberados para os parlamentares.
O presidente da Comissão das Fake News, a que mais interessa a Bolsonaro no momento, senador Angelo Coronel foi contemplado com R$34 milhões.
Com isso acabou a CPI e dificilmente será aberta a CPI da saúde que visa a examinar a política de Bolsonaro na epidemia e também seu atraso no processo de vacinação.
Estranho Congresso esse brasileiro. Só agora, já sem muitas chances, quer abrir uma CPI da saúde, com quatro pedidos de processo contra Bolsonaro no Tribunal Internacional, um questionamento do TCU sobre as compras de hidroxocloroquina e um inquérito policial para investigar omissão na tragédia de Manaus.
É possível dizer que, com exceção de algumas iniciativas, o governo Bolsonaro gozou de grande tolerância até agora e possivelmente essa tolerância vai se tornar mais escandalosa daqui para a frente.
A única alternativa é a pressão social sobre uma oposição nem sempre muito ativa, articulada e presente. Mas as chances dessa oposição crescer com apoio popular são grandes.
Seria necessário inicialmente reconhecer alguns problemas que preocupam a sociedade como por exemplo os erros no combate à pandemia e os atrasos na vacinação.
Se algum elo pode ser estabelecido nesse momento, creio que a pandemia é o caminho real. Já há uma comissão específica no Congresso mas ainda não há o reconhecimento de que esse é o grande tema porque associa a saúde com a recuperação econômica, temas entrelaçados pela necessidade da vacina.
Estou escrevendo nesse domingo de calor, sabendo que tudo isso vai me dar algum trabalho amanhã. Hoje li no New York Times um tema que me interessa: o avanço das vacinas e o relativo atraso nos remédios contra o coronavírus.
Segundo o artigo, os EUA investiram US$18 bilhões na pesquisa da vacina e apenas R$8 bilhões na pesquisa dos remédios.
De promissor mesmo, nesse campo, parece que chegaram aos anticorpos monoclonais, remédio que Trump tomou quando adoeceu e que, no momento, interessa à Alemanha.
É um tipo de remédio que é pesquisado também no combate ao câncer. Anticorpos se ligam aos antígenos e fortalecem o sistema imunólogico. Creio que esses anticorpos podem ser produzidos em laboratório, dai a experiência com Trump.
Quando tiver uma boa chance, tentarei dar um balanço mais completo porque o Brasil segue pesquisando o plasma de cavalo, que ainda não foi testado.
Fonte: Blog do Gabeira