Continuam falando da ligação telefônica entre Bolsonaro e o senador Kajuru. É um diálogo da Neverlândia, o país que o Brasil está se tornando com o tempo.
Lá fora, notícias de que a vacina da Johnson e Johnson foi interrompida nos Estados Unidos lembra um pouco o caso da Astrazeneca na Europa. A causa para a interrupção é a mesma: coágulos em seis pessoas que receberam a vacina.
Os jovens nos EUA estavam preferindo esta vacina, de apenas uma dose. É mais prática. Creio que a interrupção vai durar pouco como aconteceu com a Astrazeneca.
Hoje na tevê, comentei o fato de 1,5 milhão de pessoas não terem comparecido para tomar a segunda dose da vacina no Brasil.
Nosso sistema de imunização é muito bom, todos o elogiam. Mas poucos perceberam que as coisas mudam. As vacinas que tomamos são de gripe, febre amarela, enfim muitas dependendo de uma só dose.
Era preciso planejar algo para uma vacinação em duas doses. No mínimo um aplicativo que anotasse telefones e comunicasse uma semana antes, todos os dias, que era preciso tomar a segunda dose.
Sei que é pedir muito, num país que não planejou a compra de vacinas muito menos se deu conta do esgotamento dos estoques de sedativos e relaxantes musculares para quem é entubado.
Planejamos pouco, faz parte de nossa cultura. Mas quando se trata de governo, é preciso seguir certos princípios, senão a expressão governo torna-se completamente vazia.
Hoje no podcast, falamos, eu e Lauro Jardim, sobre a CPI da pandemia e o Orçamento.
Tratamos os dois temas como dois nós que devem ser desatados. O da CPI foi complicado por Bolsonaro que quer uma investigação de todos, governadores e prefeitos. Mas há investigações em curso em pelo menos onze estados, dois governadores, Rio de Janeiro e Santa Catarina já foram até substituídos. A PF investiga em nove estados e já recuperou R$7milhões.
O racional seria dividir tarefas e deixar que a CPI investigasse estados e municípios quando houvesse conexão com o governo federal, como foi aquela mortandade em Manaus.
Mas sou muito pessimista sobre o triunfo de uma solução racional no Brasil. Num artigo que escrevi hoje falei do Orçamento que não fecha. Uma das sugestões na mesa: Bolsonaro viajar para fora do país para não se arriscar a assinar um documento que pode cassá-lo. No seu lugar, assinaria Arthur Lira que já está queimado.
Seria uma solução da Neverlândia. Por falar nesse país, soube que Flávio Bolsonaro vai levar o senador Kajuru ao Conselho de Ética e que o mesmo senador será processado por Luciana Gimenez porque a ofendeu numa entrevista.
Estamos nos aproximando cada vez mais de enredos televisivos, enquanto conseguimos bater todo o mundo em número de mortes.
Ainda vou estudar para explicar como a Índia nos passa em número de contaminados e têm menos mortos que o Brasil. Seria a ação das 90 variantes que existem no Brasil, dificuldades no tratamento, enfim ainda não tenho ideia de como esta diferença entre países acontece.
Acabou o verão. Agora até o sol se foi para anunciar a transição. Mas ele volta, gosta de abril, pelo menos no Rio.
Fonte: Blog do Gabeira