A grande notícia de hoje foi o discurso de Lula, iniciando a campanha eleitoral. Usou máscara, falou de vacina, disse que a terra é redonda, enfim, várias coisas que parecem óbvias mas precisam ser ditas nesse momento em que Bolsonaro encarna o negacionismo.
Com o início da campanha houve uma grande empolgação nos debates, uma espécie de volta da política, pois o quadro de pensamento em que Lula se move é muito mais amplo e próximo da visão de um estadista do que a trágica limitação de Bolsonaro.
O fato é que o tema campanha eleitoral empolga mas é preciso tomar cuidado para que não desvie o foco do aqui e agora, que é bastante difícil.
O número de mortes diárias no Brasil já supera o número de mortes nos Estados Unidos. Estamos próximos de dois mil por dia.
Muitos hospitais estão sobrecarregados. Não há condições políticas, aparentemente, de decretar mais restrições.
Por outro lado, o processo de vacinação avança em passos lentos. Presidentes do Senado e da Câmara apelaram para a China.
Lembro-me que o próprio embaixador chinês se dispôs a conversar sobre a vacina mais popular na China, da Sinofarm, naquele momento em que a Anvisa flexibilizou algumas regras de aprovação, como por exemplo a que exigia um estudo de fase 3 no Brasil.
É essencial compreender que estamos perdendo muita gente. Governadores se uniram mas é necessário que integrem o Parlamento e a iniciativa privada e que se chegue a uma espécie de comitê de crise.
Isso é competência do governo federal, diriam. Acontece que o governo federal não se move nessa direção. Não podemos ficar sem uma alternativa, ainda que seus poderes sejam limitados. Ela poderia funcionar também como uma pressão sobre o próprio governo.
Há alguns meses que venho batendo nessa tecla. Cheguei a publicar um artigo intitulado O Plano B somos nós. De lá para cá houve um grande avanço entre governadores e prefeitos, no parlamento e na iniciativa privada.
Mas estamos longe de uma resposta e por causa disso cada vez mais perto do caos sanitário.
Fonte: Blog do Gabeira