2 de novembro de 2024
Carlos Eduardo Leão

O nonsense das eleições municipais: da baixaria ao silêncio de ideias

Venham todos! Eleições Municipais no “Gran Circo Brasil”!

Vocês estão refeitos desse período eleitoral? Foi algo tão surreal que somente agora tive forças para teclar esse meu pobre iPad para expressar minhas impressões sobre o acontecido. Pena que Fellini não nasceu aqui e não esteja mais entre nós. Seria a melhor opção para descrever o bendito. Ou nem ele? Bateu a dúvida!

Sem a possibilidade de Fellini, por favor contentem-se comigo. Vamos lá!

Passadas as eleições, exceto em alguns poucos logradouros levados ao martírio de um segundo turno, dá pra se fazer uma análise realista, fria e prospectiva do que será o Brasil de nossa descendência.

Um colosso de baixarias perpetrou-se nos palcos televisivos durante debates pífios, inconsistentes e inqualificáveis. Palavras, termos, frases de baixíssimo calão deram o tom agudo nesse Circo de Horrores.

Civilizadamente, debate é um modelo de contestação baseado na argumentação onde ideias conflitantes são defendidas ou criticadas com base em reflexões e silogismos e não em xingamentos, agressões morais ou cadeiradas onde a tolerância passou ao largo e deu adeus.

“A tolerância chegará a tal ponto que as pessoas inteligentes serão proibidas de fazer qualquer reflexão para não ofender os imbecis”. To pouco ligando se essa citação é ou não do escritor e filósofo russo Fiodor Dostoyevsky. Seja quem for o autor essa crítica ao “politicamente correto” é de uma felicidade celestial.

Esse execrável e intolerável “politicamente correto”, que deu o tom nessas contendas políticas em horário eleitoral, transformou e continua transformando a liberdade de opiniões, ideias, conceitos, crenças e pontos de vista mais ortodoxos em ameaças concretas à liberdade individual, latu sensu.

O grau de educação de um significativo número de candidatos a prefeito e principalmente a legisladores municipais, salvo raras exceções, reitero, coincide com os baixios níveis da sarjeta intelectual. Uma coisa estarrecedora que transita no limbo entre o trágico e o cômico. Uma verdadeira ode ao nonsense!

E aqueles poucos candidatos que poderiam ter algo importante pra dizer, pra opinar e, em última análise, pra ajudar acabam sendo compulsoriamente silenciados pelo “politicamente correto” enquanto os que falam bobagens têm picadeiro, cátedra e aplausos numa flagrante inversão de domínio maioria/minoria com a anuência e o beneplácito da mídia podre.

Você já parou pra pensar que quem deveria estar fazendo as pessoas refletirem está sendo automaticamente silenciado? Isso se chama proteção à mediocridade. Chegamos ao triste ponto em que a verdade virou um problema em nossas vidas.

Mas o mais preocupante de tudo é que estamos convivendo com uma geração que prefere ouvir o que agrada do que encarar a realidade. A continuar assim as mentes críticas existentes ou que, porventura, apareçam vão ser sufocadas e afogadas num lamaçal de ignorância.

Portanto, se é para o bem de todos e felicidade geral da nação diga ao povo que falar a verdade não pode ser um crime.

Carlos Eduardo Leão

Cirurgião Plástico em BH e Cronista do Blog do Leão

Cirurgião Plástico em BH e Cronista do Blog do Leão

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