Como coleciono décadas, decidi planejar o resto da minha existência sob o prisma das reflexões e significados sócio/político/ culturais das décadas passadas.
Não conheço mais ninguém vivo capaz de ter clareza e sobretudo saco para se prestar a fazer críticas comparativas entre os anos 20 do século XX e as possíveis repetências dos mesmos erros nos anos vinte do século XXI que agora se inicia.
Então, decidi recorrer ao excelente livro “ A Sagração da Primavera’ do historiador Modris Eksteins, com tradução de Rosaura Eichenberg, publicado pela editora Rocco em 1992 e – lamentavelmente – esgotado nas livrarias.
Do capítulo ‘PARA QUE NÃO ESQUEÇAMOS’(pags. 323>333) extrai esses trechos(fotos).
As preocupantes circunstâncias atuais, marcadas por extremismos tanto em esfera nacional como global é um castigo recorrente à espécie humana que se submete à formas perversas para retardar, recalcar e prejudicar as conquistas e avanços decorrentes do processo civilizatório, repetindo – com estúpida convicção – suas mais devastadoras certezas.
No alvorecer dos anos 20 do século XX, o poeta Paul Valéry disse uma verdade que vale por mil certezas. Passados quase cem anos, ainda pulsa o paradoxo então vigente frente ao vasto acervo de certezas: “ A mente na verdade foi cruelmente ferida… Duvida profundamente de si mesma.”
Os movimentos artísticos culturais que espocaram no início do Século XX e que culminaram nas rupturas com o velho sistema, posteriormente estudados como Vanguarda Histórica, foi o ponto de partida do historiador para análises e reflexões sobre os cenários onde se desenrolaram os combates estéticos ‘novo versus tradição’, estopim da Primeira Grande Guerra.
Nesse livro, Eksteins reúne as peças do jogo de motivos, recalques e confrontos que poucos anos depois voltaria a ameaçar a civilização com a versão mais avassaladora, mortífera e atroz da Segunda Grande Guerra.
Pretendo continuar acreditando na civilização! Que os anos 20 do Século XXI – maioridade da Cultura Digital, da Era do Conhecimento e das tecnologias da informação – inspirem as mentes a pensar, estimulando um maior numero pessoas a se tornarem protagonistas das mudanças que se estenderão em benefícios aos remanescentes do atraso, sempre lembrados pelos arautos da hipocrisia mas, de fato, por eles providencialmente ‘esquecidos’ nos grotões do passado.
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Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial “Em Busca da Essência” Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.