3 de dezembro de 2024
Adriano de Aquino Colunistas

A escalada da Censura!

O sentimentalismo tóxico desnorteia a manada. Quem compreende esse fenômeno se torna exímio boiadeiro.
Brasil Futuro
O Projeto de Lei 2.630/2020 (PL da Censura) merece um estudo de caso. O projeto é um artifício autoritário que visa de fato o controle das redes sociais. A toxidade da proposta e sua condução são evidentes.
Após aprovação no Senado, algumas perguntas buscam respostas.
Por que um tema crucial para os usuários de rede se tornou uma trincheira para os opositores ao governo?
Por que usuários de redes que detestam o governo se omitem e silenciam sobre a perigosa ameaça à liberdade de expressão que esse PL poderá consolidar, se aprovado na Câmara?
O PL da Censura altera o Marco Civil da internet que foi conquistado após sucessivas tentativas.
Vale lembrar para os sentimentalistas de rebanho, que pastam nos currais da oposição radical, que vencido muitos debates e superados diversos obstáculos o Marco Civil da Internet, conhecido como Constituição da Internet Brasileira, foi aprovado em 2014.
Sentimentalistas desprezam a razão!
Qualquer fato se torna munição para derrubar o governo que detestam (sic).
Por isso, é oportuno lembrar que “MCI é uma referência fundamental da governança no século XXI, tanto para o Brasil como internacionalmente. Ele sistematiza em lei dez princípios desenvolvidos pelo Comitê Gestor da Internet brasileiro, entre eles a neutralidade da rede, a liberdade de expressão e a privacidade, dando importantes direitos aos cidadãos – online e offline”, como resume um documento do Instituto Igarapé.
Esse instituto tem a chancela de ilustres personagens identificados como progressistas.
Aí é que surge o impasse.
O PL da Censura: “visa atingir a regulamentação do uso das redes sociais, criando a chamada Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet.
Companhias do setor apontam risco de censura à livre manifestação do pensamento com a mudança na legislação(…) não está adequado aos interesses nacionais”.
Quem disse isso? Alguma figura ilustre do Instituto Igarapé?
Um progressista empenhado nas garantias à liberdade expressão na Internet?
Não, meus amigos, quem disse isso foi o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE). “A liberdade de expressão está sendo arranhada.”
A síntese!
Se o presidente e membros desse governo fossem pessoas mais ligadas ao movimento dos rebanhos e agregassem conhecimentos e elaboração crítica ao uso do poder, apanhados no manual do Maquiavel, dissipariam com uma canetada essa articulação, votando a favor do PL da Censura,desmobilizando a pactuação por omissão do rebanho em fúria contra o governo.
Esse gesto neutralizaria o sentimentalismo do rebanho opositor e, certamente, desarmaria a tropa parlamentar que vota sistematicamente contra o governo.
Como nada disso aconteceu e possivelmente não acontecerá, quem sairá no prejuízo e terá seus direitos violados é a sociedade brasileira como um todo.
Um dos efeitos do sentimentalismo tóxico é a falência da razão e o descuido com a auto proteção cidadã.
A aprovação dessa lei trará riscos à liberdade de expressão e para democracia.
Adriano de Aquino

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial "Em Busca da Essência" Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.

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