Lamento não poder responder de forma simples e objetiva. Até porque, ao ler um texto em rede em que a autora defende o assalto, o roubo e tudo mais relacionado a ação ameaçadora da vida como forma direta de reparação social por parte dos despossuídos, pensar alguma coisa – nesse país- se tornou uma extravagância.
Entalo, resolvi dar vazão a uma divagação sobre o momento político cultural brasileiro.
J J Rousseau, o tataravô das esquerdas, criou o paradigma: “o homem nasce bom, e a sociedade o corrompe”.
Essa ideia, como muitas outras ‘grandes ideias’, motivou milhões de mortes, além de relativos e questionáveis benefícios sociais.
Contudo, até hoje – em pleno Século XXI, protegido da crítica e avaliações rigorosas, esse paradigma permanece vigente como paixão política e fé ideológica, de fundo religioso ou político.
É espantoso que os tataranetos de Rousseau, pessoas socialmente adaptadas, algumas até mesmo ‘exemplos’ de sucesso pessoal,que militam nas frentes progressistas, nas trincheiras do multiculturalismo politicamente correto, sequer desconfiem que o esquema deu errado e precisa de reparos.
Se o homem nasce neutro – não necessariamente bom ou mal – e o sistema social, responsável pela sua educação, fracassa totalmente, realçando suas aptidões inatas mais perversas, poder-se-ia ao menos supor que há uma falha grave na cultura que ao invés de emancipa-lo, o aprisionou nas malhas de uma cultura inculta e adversa ao universalismo das ideias.
Uma cultura bárbara, criminosamente conivente com o ‘status quo’, irresponsável e oportunista.
Artista visual. Participou da exposição Opinião 65 MAM/RJ. Propostas 66 São Paulo, sala especial “Em Busca da Essência” Bienal de São Paulo e diversas exposições individuais no Brasil e no exterior. Foi diretor dos Museus da FUNARJ, Secretário de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, diretor do Instituto Nacional de Artes Plásticas /FUNARTE e outras atividades de gestão pública em política cultural.