3 de maio de 2024
Editorial

Vamos falar sobre Bolsonaro na ONU

Foto: Google Imagens – Jornal NH

O Brasil, tradicionalmente abre a Assembleia Geral da ONU. Muitos perguntam por que esta prerrogativa. A resposta está a seguir, em 3 teorias; nenhuma delas confirmada oficialmente:

  1. O Brasil se voluntariou nos primeiros encontros. Nos primeiros anos da ONU, criada em outubro de 1945, ninguém queria ser o primeiro a falar, então o Brasil se voluntariou e, daí, a ONU manteve o Brasil como a importante participação na abertura das AGO’s da ONU;
  2. Osvaldo Aranha: Aranha presidiu a Primeira Sessão Especial da Assembleia, reunião histórica na qual foi aprovada a criação do Estado de Israel. O papel do brasileiro, ao apoiar a solução de dois Estados e garantir que a votação não fosse adiada, rendeu elogios de diversos países e entidades sionistas, que chegaram a cogitá-lo como candidato ao Nobel da Paz.
  3. Prêmio de consolação – Quando foi criado o Conselho de Segurança, com os cinco membros permanentes, houve uma discussão sobre se o Brasil seria um membro. Mas Churchill e Stalin vetaram a proposta. Como forma de reconhecer a ascendência do Brasil na América Latina, na época, optou-se então por criar essa regra.

Qualquer das três teorias são aceitas, mas, na realidade, ninguém sabe, na verdade, o porquê de o Brasil sempre abrir a Assembleia Geral da ONU, mas é assim… aproveitemos o quanto for possível!

Neste ano, o Presidente Bolsonaro fez seu 4o discurso na ONU. Obviamente, caso não seja reeleito, este foi seu último discurso, salvo se ele optar por concorrer em eleição futura, o que ele já disse que não o fará, ou seja, aposentar-se-á da vida pública caso não seja reeleito. Se não for reeleito, este terá sido mesmo o seu último discurso. No mínimo, é o último discurso deste mandato.

Desta feita, na tribuna do principal organismo da política internacional, o mandatário incluiu declarações dedicadas ao seu público interno no discurso lido para mais de uma centena de chefes de Estado presentes.

O tom foi como se este fosse o último discurso de seu primeiro mandato. Foi um pronunciamento ameno, se comparado a outros discursos que ele fez na ONU ou fora dela.

Sua fala levou aproximadamente os 20 minutos regulamentares, onde ele procurou listar o que de mais importante ocorreu, como transformação causada pelo seu governo, tal e qual todos os presidentes anteriores o fizeram. Nada de novo.

Falou sobre vários assuntos, destaco:

– a inflação em baixa em nosso país, ao contrário do que ocorre no mundo. Isso é fato, estamos em deflação!
– o preço dos combustíveis: comparando-os, indevidamente, com os preços em reais de outros países, desprezando a relação da moeda e do salário mínimo em cada um deles e esquecendo-se de que o Diesel continua muito alto, ao invés da gasolina e do GNV.
– a queda nos números do desemprego também foi mencionada. Isso é fato!
– a aumento da distribuição de renda, principalmente com o novo Auxílio Brasil. De 150 reais do antigo Bolsa Família, passamos a 600 reais. Isso é fato!
– o assentamento de propriedades rurais com entrega de mais de 400mil títulos sendo 80% às mulheres dos posseiros, recorde em nosso país. Isso é fato!
– nosso agronegócio, que sempre foi retumbante, foi ressaltado como um produto de “seu governo”, o que não é totalmente verdade, ele apenas o manteve no nível dos anos anteriores.

Sobre a pandemia, ressaltou as ações adotadas e a velocidade da vacinação, com a brusca queda na contaminação da população. É claro que não mencionou a reclamação da esquerda e da mídia consorciada quanto à demora na aquisição da vacina da Pfizer, que, segundo ele, teve seus motivos técnicos, já que como a Pfizer queria ser a pioneira no Brasil, ainda não tinha sua vacina aprovada pena ANVISA. Falou também dos avanços técnicos do Instituto Butantã e da Fundação Oswaldo Cruz que aproveitaram a compra das vacinas da Coronavac, que vieram com a tecnologia para o desenvolvimento dos insumos para a produção própria das vacinas.

O combate à pandemia, segundo o discurso, só não foi melhor devido à decisão do STF de deixar a cargo dos governadores e prefeitos a coordenação da imunização em seus estados e cidades, ou seja, o governo federal não podia agir como um todo, dependia dos executivos locais. O que, evidentemente, não deu certo. A politicagem que todos fizeram, atrapalharam o início da vacinação em massa. Isso é fato!

Falou também, evidentemente, sobre a corrupção nos governos do PT, que parece ter sido esquecido pela população. Sem citar, nominalmente, o “ex-presidente-descondenado”, falou que o responsável pelo escândalo foi condenado em três instâncias, por 10 juízes e depois descondenado, por tecnicidades, pelo STF e, assim, habilitado a concorrer nas presentes eleições. Só no Brasil mesmo… Isso também é fato!

Foi, evidentemente, um discurso recheado de campanha eleitoral. Como apresentação dos feitos de seu governo foi perfeito. Os números provam isso.

Foi um discurso sereno, com críticas diretas, mas não nominais, ao PT e ao descondenado. Falou sobre a corrupção “sistêmica” que seu governo deu fim.

Mostrou um Bolsonaro que não quer errar nesta reta final de campanha.

Usando uma metáfora futebolística, imaginem a situação. Ouvi esta metáfora e a achei perfeita para a ocasião:

Final do segundo tempo da prorrogação em uma Copa do Mundo. Empate em 1×1, faltando 3 minutos de acréscimo para o final do jogo. Vou pra cima? E o medo do contra-ataque se eu perder a bola? Como fica? Se eu tomar um gol, já era… melhor segurar o empate e jogar as fichas nos pênaltis?

O medo de errar agora, em final de campanha do primeiro turno, é igual para os dois candidatos. Se eles já estão no segundo turno, por que arriscar agora e “tomar um gol de contra-ataque”?

Lembram daquela fala do Temer, vazado na denúncia de corrupção ao falar sobre Joesley? “Tem que manter isso viu…“. É desta forma que os dois candidatos estarão agindo até o segundo turno.

Logicamente, a esquerda correu para os braços amigos no TSE para impedir o uso da imagem e de trechos do discurso na ONU para a campanha de Bolsonaro. Eu tendo a concordar, já que precisamos separar os atos presidenciais dos atos de campanha e desta forma deveriam ser todos eles, mas não é a praxe quando se está no poder. FHC, Lula e Dilma usaram e abusaram de suas aparições em público quando estavam na presidência e nunca houve qualquer litígio quanto a isso, embora o TSE/STF daquela época tivesse outra configuração. Agora o TSE e o STF estão “de olho amigo no PR”…

Enfim, pra mim, o discurso foi “meio campanha” e meio “pra inglês ver”. Falou de coisas importantes e contestou o que podia e cabia.

Fica difícil separar o que é fala presidencial e fala de campanha, mas pelo tom, pareceu-me adequado. Salvo melhor juízo…

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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