17 de maio de 2024
Vinhos

Uvas tintas que todos devem conhecer e provar

Para dominar qualquer assunto, é preciso ter um conhecimento seguro, principalmente sobre as bases que constroem o tema a ser estudado.

Vinho sem uva não existe, pelo menos na forma como estamos habituados. No texto anterior, apresentamos algumas castas brancas que, na nossa opinião, são imprescindíveis para formar, em todos os aspectos, um especialista nesta bebida.

Mas isto só não basta. Vamos conhecer algumas uvas tintas que, da mesma forma, são indispensáveis. Continuam valendo as mesmas premissas: é a nossa opinião.

Dentro deste universo, as tintas sempre tiveram um destaque maior. Ninguém questiona a fama dos Châteaux bordaleses, dos Domaines da Borgonha, dos Barolos e Brunellos italianos, Riojas da Espanha e muitos outros.

Para uma maioria de apreciadores, qualquer destes nomes citados se traduz, naturalmente, em vinho tinto.

O primeiro grupo de uvas, a ser conhecido e apreciado, contêm algumas das que compões o tradicional “corte bordalês”: Cabernet Sauvignon e Merlot.

São duas castas bem diferentes. Apesar de serem bem populares e fáceis de encontrar em vinificações monocasta, sua fama decorre do fabuloso corte originário de Bordeaux.

A Cabernet Sauvignon é a vinífera mais plantada no mundo. Está em todas as regiões vinícolas e produz vinhos deliciosos e capazes de traduzirem perfeitamente cada terroir onde são cultivadas. Provar e compreender as diferenças entre cada uma destas versões é o melhor treino que se conhece.

São vinhos com taninos presentes, escuros e com algumas características bem marcantes: aromas e sabores de frutas negras, especiarias, cedro e um pouco das pirazinas dos pimentões verdes. Tem grande capacidade de envelhecimento.

Perfeitos com carnes nobres e pratos de sabor intenso.

A Merlot é bem diferente, quase um camaleão. Também está plantada nas principais regiões produtoras de vinhos. Por ter uma personalidade menos flexível, algumas de suas características básicas de aromas e sabores são perfeitamente identificáveis mundo afora: cereja, ameixa, louro, baunilha, chocolate.

São vinhos mais macios que os Cabernet e igualmente capazes de envelhecer, se corretamente armazenados. Isto os tornam extremamente versáteis na hora de harmonizar: carnes de gado, ave, ovino, caprino e suíno; massa, inclusive pizza; pratos vegetarianos e muitos outros.

Um adágio bem popular diz: ”se não souber o que servir, escolha um Merlot”.

Alguns dos melhores tintos brasileiros são elaborados com esta varietal.

(as outras castas de Bordeaux são: Cabernet Franc, Malbec, Petit Verdot e Carménère.)

Pinot Noir – A grande casta da Borgonha é responsável por muitos dos mais caros e famosos vinhos deste planeta, entre eles, o icônico Domaine de la Romanée-Conti. Também está densamente plantada na região de Champagne onde, novamente, está presente na elaboração destes que são os mais deliciosos vinhos espumantes.

Uma casta diferente e totalmente temperamental. Muito complicada de cultivar e vinificar, mas com resultados espetaculares. Está no mesmo time de outras “prima donas” como a Nebbiolo e a Baga.

Por conta do seu “temperamento” não é uma casta que se adapte facilmente a qualquer terreno. Fora da França, vamos encontrar vinhedos importantes nos EUA, Chile, Alemanha, Nova Zelândia e Itália.

Seus vinhos são de coloração muito clara, quase um rosado, corpo leve a médio, mas com uma intensidade de aromas e sabores simplesmente incomparável. Uma sinfonia de framboesa, cereja, hibisco e baunilha.

Há quem os aprecie acima de tudo e há os que abominam este tipo de vinho. São o par perfeito para a carne de pato. Salmão é outra iguaria que harmoniza corretamente com este vinho. Em algumas preparações, até mesmo frutos do mar podem ser combinados com um Pinot.

Uma casta que deve ser conhecida e provada por qualquer um que queira saber tudo sobre vinhos. Este contraste com as outras uvas é fundamental para sedimentar conhecimentos.

Syrah ou Shiraz – A grande casta da região do rio Ródano, França, e amplamente difundida entre os produtores de vinho, inclusive na América do Sul.

Sempre foi um pouco esnobada por conta da sua origem não bordalesa. Com a ajuda de um grande crítico de vinhos, que passou a chancelar vinhos do Rhône com os famosos 100 pontos, foi reconhecida como uma uva “superstar”.

Brilha sozinha ou acompanhada por Grenache (Garnacha) e Mourvèdre formando o não menos importante “corte gsm”.

Seus vinhos são ricos e encorpados, variando ligeiramente conforme o terroir. Encontramos sempre aromas e sabores bem característicos: pimenta do reino, ameixa preta, mirtilo, chocolate ao leite e tabaco.

Harmonizam muito bem com pratos condimentados, comida indiana e carne de caprinos ao estilo árabe.

Esta é uma casta muito importante para a nossa vinicultura, foi a primeira a se adaptar à “dupla poda”, técnica desenvolvida no nosso país, que está sendo usada em outros lugares.

Já estamos produzindo alguns Syrah que se equivalem aos mais famosos Chilenos e Australianos.

Malbec – Embora seja uma das castas de Bordéus, foi no terroir Argentino de Mendoza onde se destacou e ganhou fama mais que merecida.

Na sua origem, era considerada uma casta coadjuvante, um “segundo time”, servindo, apenas, para complementar o famoso corte bordalês. Dizem que Malbec seria uma deturpação da expressão francesa “mal bec”, “bico errado” ou gosto ruim.

Seus vinhos são encorpados e ao mesmo tempo muito fáceis de beber. Aromas e sabores de framboesas, ameixa vermelha, baunilha, cacau e tabaco suave são características típicas do estilo mendocino.

Um vinho para carnes vermelhas e pratos suculentos. Também harmoniza com queijos de mofo azul e com sobremesas a base de chocolate amargo, 70% no mínimo.

Um bom caminho de aprendizado é provar o Malbec argentino e compará-lo com seu irmão francês da região de Cahors. São muito diferentes. Uma bela “aula” sobre terroir e métodos de vinificação.

Há mais uvas que poderemos escrever sobre elas em outra oportunidade. Para aqueles desejosos de saber e que já se diplomaram nesta primeira lista, aqui está uma relação a ser pesquisada:

Tempranillo; Touriga Nacional; Cabernet Franc, Carménère; Tannat, Primitivo/Zinfandel e Grenache/Garnacha.

Saúde e bons vinhos!

CRÉDITOS:

Imagem de grmarc no Freepik

Tuty

Engenheiro, Sommelier, Barista e Queijeiro. Atualiza seus conhecimentos nos principais polos produtores do mundo. Organiza cursos, oficinas, palestras, cartas de vinho além de almoços ou jantares harmonizados.

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Engenheiro, Sommelier, Barista e Queijeiro. Atualiza seus conhecimentos nos principais polos produtores do mundo. Organiza cursos, oficinas, palestras, cartas de vinho além de almoços ou jantares harmonizados.

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