26 de abril de 2024
Editorial

Somos um povo fracassado como eleitores

politicos2Foto: Arquivo Google

Com tantos políticos de vários partidos desmascarados, uma coisa ficou patente: mesmo que não se prove algo contra a maioria deles, a nossa Justiça, com raras exceções, é uma decepção. Todos os delatados dizem que receberam as doações dentro da lei, e que está tudo registrado na Justiça Eleitoral. Ou são todos mentirosos, ou a Justiça Eleitoral é mais um braço da Justiça que não serve para nada.
O dinheiro dado a políticos, especialmente do PMDB — por mais que eles digam ter informado ao TSE — não foi comprovado com recibos, controles ou documentos. Assim, é lícito supor que nem tudo foi para campanhas, mas também para bolsos pessoais. Isso, mais propinas para não chamar para depor em CPI, para editar MP em favor de empresas etc, explicam porque essa gente fica riquíssima, embora com posses em nome de outros, até mesmo de defuntos. Lava-Jato, penas mais duras, reforma política, fim de cartões corporativos e penduricalhos salariais são os principais remédios para desestimular malfeitores.
O que precisamos ter sempre em mente é que os colaboradores da Odebrecht e outros que vierem não são “bonzinhos”. São corruptores, tão criminosos quanto os que foram corrompidos, tentando tirar o seu nome da reta. O que estarrece, indigna e enoja é que, salvo raras exceções, a maioria da classe política chafurda nesse mar de lama, e como é essa maioria que faz as leis não há esperança de que este crime seja extirpado tão cedo.
Na realidade, o que nos falta é o que existia na Place de la Concorde, em 1789, em Paris. Aí, sim, a impunidade teria fim. Desculpem eu estar falando da Revolução Francesa pela terceira semana seguida, mas é que pelo que vem ocorrendo, acho que esta ode ser nossa única saída.
Depois da delação inicial da Odebrecht, onde são apontados políticos do PSDB e do PMDB, além de outros de partidos menores como recebedores de propinas em troca de favores políticos, cai por terra o mantra das esquerdas e, principalmente, do PT e seus pares, de que a Lava-Jato era uma operação seletiva contra PT, Lula e Dilma. Sérgio Moro e a Lava-Jato são os últimos baluarte de esperança de um novo começo para este país.
A incessante produção de vergonhosos escândalos, denúncias e chicanas que envolvem as cabeças coroadas da República sufoca o peito da sociedade.
Atordoa-nos ter fracassado como eleitores, o que nos custa, agora, o testemunho da vitória de antivalores e a quebra da harmonia ética do país. Basta ver na foto que ilustra a coluna, o que nos espera (a confirmar) para a campanha presidencial em 2018.

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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